Jazz vive nos palcos do Free Festival
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de agosto de 1986
Pela quinta vez nos últimos 8 anos, um grande evento jazzístico traz ao Brasil grandes nomes do jazz. Em sua segunda edição, o Free Jazz Festival, dividindo-se entre São Paulo (Anhembi, 27 a 31 de agosto) e Rio de Janeiro (Hotel Nacional, 2 a 7 de setembro) apresenta grandes nomes do jazz - desde o veterano Ray Charles, 54 anos - até estrelas ascendentes - como Wynton Marsalis, Stanley Jordan e David Sanborn. Organizado pelas irmãs Sylvia e Miriam Dauelsberg, com patrocínio generoso da Souza Cruz, esta segunda edição do Free Jazz tem direção artística de um grupo de experts, entre os quais Zuza Homem de Mello, 52 anos, mais de 30 de jazz - responsável pela programação de quatro grandes eventos ocorridos no Brasil: as duas edições do São Paulo Montreaux Jazz Festival (1978/80), Rio-Monterrey Jazz Festival (1982) e, ano passado, o Free Jazz Festival.
Alternando nomes internacionais com promissores talentos brasileiros, algumas substituições de última hora - o grupo vocal Manhattan Transfer no lugar de Keith Jarret/Jack Dejohnette e Gary Peacock - o evento jazzístico deve atrair, milhares de pessoas - inclusive de outros Estados - para esta oportunidade especial de se aplaudir, ao vivo, grandes nomes da música contemporânea.
O crescimento do interesse pelo jazz no Brasil se reflete no número crescente de grandes nomes que vindo para temporadas não se fixam apenas mais no eixo Rio-São Paulo mas, estendendo também suas apresentações a outras capitais - como Curitiba, que só este ano, já aplaudiu Dizzy Gillespie e B.B. King - e terá, já no próximo dia 26, possibilidade de tributar sua admiração a Airto Moreira/Flora Purim e, em setembro próximo, a Miles Davis.
Os discos se multiplicam, com edições históricas, magníficas - como a coleção I Love Jazz (CBS/Breno Rossi), ou trabalhos up to date, como a fornada mais recente da WEA, sem falar nas edições da Odeon, Polygram, Imagem e mesmo RCA - já que assim como o clássico, o jazz tem um público seguro e de alto poder aquisitivo - mas, em compensação, dos mais exigentes. Hoje, abrimos nossa página de música para falar do jazz que está na praça, para quem sabe ouvir o que há de bom.
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