Livro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de março de 1974
Saint-Exupéry foi talvez um dos últimos espécimes autênticos do criador na cultura de massas de nossa época, em que - como afirma edgar Morin - o autor não pode mais se identificar com sua obra. Saint-Exupéry pôde entregar-se à realização de sua obra literária. Segundo sua própria autenticidade, fora de quaisquer regras ou modelos humanos e, consequentemente, de acordo com sua próprias contradições.
Em todos os seus livros, desde << O Pequeno Príncipe >> até << Cidadela >>, que constitui uma sumulta de seu pensamento, encontra-se um Saint-Exupéry de corpo inteiro, ressaltado este ou aquele traço, como por um refletor na penumbra do teatro.
Luc Estang (foto) procurou apresentar Saint-Exupéry utilizando-se de todos os materiais disponíveis - do âmbito familiar, do círculo dos amigos, do âmbito de trabalho, entre companheiros e superiores, e principalmente do âmbito de sua obra. E o fez sem perder de vista as naturais ciladas que pode armar a aceitação literal do texto de um autor na composição dee seu retrato psico, lógico. Não representa, assim, o Livro de Luc Estang uma teoria sobre Saint-Exupéry, mas uma "montagem" no sentido cinematográfico do homem e do escritor, amalgamados na ação e na criação literária, ambas se completando numa unidade existencial.
Luc Estang, todavia, não se limitou a estruturar as peças de um quebra-cabeça - em que se constitui Saint-Exupéry para muitos de seus biógrafos e intérpretes - mas procurou extrair o sentido de cada uma, sua participação no conjunto do pensamento exupéryano, apontado o que seria a causa ou o efeito da reflexão e da ação.
É, portanto um guia para o conhecimento de Saint-Exupéry, pois o autor conseguiu traçar os diversos caminhos que devem ser percorridos para a compreensão de sua obra.
Tradução de Braulio Nascimento 192 págs. 101 ilustrações - Cr$ 12,00 (Livraria AGIR Editora)
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