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Aramis

Cinema

Conhecidos apenas como referência em livros junto a geração com menos de 30 anos, os notáveis irmãos Marx podem ser, finalmente, vistos nesta semana: << O Diabo Quatro >> (Cine Scalarte, até domingo em cartaz) é um dos melhores momentos da comédia americana nos anos 30 e curiosamente o ultimo dos cincos filmes em que os quatros irmãos trabalharam juntos. Chico (Leonard, 1891-1961), Harpo (Adolph Arthur, 1893-1964). Groucho (Julius Henry, 1895) e Zeppo (Herbert, 1901, 1967), filhos de uma família de artistas do << show >> bussínes, apareceram juntos apenas em << The Cocoanuts >> (1929), << Animal Crackers >> (1930), << Monkey Businnes >> (1931), << Horse Feathers >> (1932) e este << Duck Soup >> (1933), todos realizados na Paramount. << Uma Noite na Opera >> (A Night at the Opera), que há 3 anos foi reprisado no Plaza, já foi feito na MGM, em 1935, sob direção de Sam Wood (1883-1949) com Chico, Harpo e Groucho pois Zeppo havia deixado o grupo no ano anterior. Os três ainda fizeram juntos oito filmes: na MGM ((<< A Day at the Races >>, 37; << Go West >>, 40 e << The Big Store >>, 41; RKO (<< Room Service >>, 38); United Artists (<< A Night in Casa Blanca >>, 46 e << Love Happy >>, 50) e Warner Brothers (<< The Story of Markind >>, 57). Isoladamente, apenas Harpo (<< Stage Door Canteen >>, UA 1943) e Graucho (<< Copacabana >> 1947; << Mr. Music >>, 1950; << Double Dynamite >>, 51; << A Girl In Every Port >>, 52; << Will Sucess Spoil Rock Hunter >>, 57 e << Skidoo Se Faz a Dois >>, 70, de Otto Premínger) continuaram a trabalhar. Assim, << O Diabo a Quatro >> é uma oportunidade rara de se conhecer o marxista quarteto em sua melhor fase, quando o fantástico humor anárquico que haviam introduzidos quatro anos antes, depois de quase uma década de experiência teatral, garantia a eles uma ampla liberdade interpretativa, responsáveis mesmo por muitas << gags >> (piadas) de suas comédias. E o observador atento, notará que neste << Duck Soup >> o trabalho do diretor, no caso o sensível Leo McCarey) (1898-1969) é quase absorvido pela presença dos irmãos, demolidoramente hilariantes em seu humor surrealista. Os diálogos de Bert Karner e Harry Ruby, autores também das musicas cantadas em algumas sequências, São extraordinariamente imaginativos e na cópia importada pela C.I.C. a pedido do grupo Cinema-1, as legendas foram muito felizes, permitindo ao espectador brasileiro perceber os trocadilhos picantes principalmente nas falas de Rufus F. Firefly (Groucho Marx - numa foto recente) o desligado presidente da Fridônia. Seria difícil destacar num rápido registro toda a genialidade anárquica das situações, mas uma, ao menos, seria digna de figurar num filme de Bunuel: Dob Rolland (Zeppo Marx) sai a cavalo, a procura de voluntários para a guerra contra a Fridônia, e para defronte da casa de uma bela mulher. Na cena seguinte, a camera focaliza os sapatos dele da mulher e as 4 ferraduras do cavalo e, subindo, aparece o casal deitado na cama separado pelo branco cavalo - imagem que parece saída de << L`Age D Òr >>, realizado por Buñuel/Dali, tres anos antes, na França.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
1
29/03/1974

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