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Aldemir, um retrato sobre uma bela obra

Um dos mais positivos exemplos de mecenato cultural vem sendo dado pela MWM Motores Diesel/ Freios Knorr, do empresário Arnold Guenther: em fins de 1985 chegaram ao sexto volume de uma coleção de livros de arte com a edição do livro sobre Aldemir Martins. Para a edição desta obra houve a colaboração do artista e editor baiano Emanoel Araújo. Os dois e mais a esposa de Guenther, a baiana Marita, são responsáveis pela idéia da coleção e qualidade dos volumes. A BOA OBRA - Alternando a obra de um artista vivo com a de um já falecido, a coleção começou com um volume dedicado a Aldo Bonadei, falecido em 1974, com prefácio de Pietro Maria Bardi e texto biográfico de Jacob Klintowitz. O segundo volume foi sobre a obra do próprio Araújo, por decisão dos mecenas Guenther e Marita. No terceiro volume foi focalizado, com detalhes, a história e a obra da Escola Bahiana de Pintura, que se estendeu de 1764 a 1850. Já o quarto volume foi dedicado à obra do gaúcho, radicado no Rio, Carlos Scliar. Araújo voltou a chamar Bardi para fazer o prefácio e pediu textos de Roberto Pontual, Moacyr Scliar, Jorge Amado, Rubem Braga e Joaquim Cardozo que contam, junto com fotos de família, a trajetória de Scliar. A obra de Flávio de Carvalho, considerado um dos mais importantes artistas do expressionismo brasileiro, foi escolhido para o volume editado no Natal de 1984. Texto do arquiteto e professor da FAU, Luiz Carlos Daher, autor de uma tese sobre Carvalho apresentada em 1982. Agora, depois do sexto volume dedicado a Martins, Araújo comenta que as edições foram enriquecendo nestes anos. O tamanho é sempre o mesmo: 24 cm por 30 cm. E a tiragem de 3 mil exemplares (distribuídas não só para clientes mas também para escolas, bibliotecas, instituições, museus do Brasil e de fora), também é a mesma. Mas o número de páginas tem aumentado: o de Bonadei tinha 160, o de Carvalho 216 e o de Aldemir Martins 248. As ilustrações em cores também aumentaram: no quinto volume apareciam 80 delas; no atual há 120. Apesar do sucesso conseguido até agora, o Natal de 1986 pode reservar surpresas. Talvez um outro artista falecido, como Goeldi ou Henrique Oswald. Uma outra boa idéia de Araújo: o resgate da memória do cinema paulista, através de um livro sobre os Estúdios Vera Cruz. Outra idéia é um livro semelhante sobre o TBC. Em ambos os casos, quem ganhará é a cidade de São Paulo, que terá publicada a história de dois marcos da cultura local. O LIVRO DE ALDEMIR - Com toda razão Aldemir Martins ficou eufórico com o livro a ele dedicado pela MWM no Natal de 1985. E não era para menos: o livro tem o mesmo nível de qualidade e acabamento dos cinco anteriores produzidos por Emanoel Araújo para a mesma empresa: Aldemir comenta que este volume é como se fosse quatro: um livro sobre sua pintura, outro sobre desenho e gravura, outro sobre suas jóias e outro sobre sua cerâmica. Todas as obras fotografadas para ilustrarem o livro foram por ele selecionadas ou aprovadas. Há mesmo algumas que foram emprestadas por colecionadores. Peças que ele fazia questão que figurassem no livro, representando as suas várias fases. Outros detalhe: a mostra de seu trabalho ligado à indústria, seja de estamparia, seja para os pratos da Goyana. Os textos são preciosos: os dois primeiros, editados entre fotos históricas, são de Edwaldo Pacote e Aluizo Medeiros e contam sobre a sua vida, antes de vir a São Paulo, quando ainda morava em Fortaleza. Manezinho Araújo comparece com um texto feito sob medida: são estrofes começando, cada uma, com uma letra do alfabeto. Geraldo Ferraz e Lourival Gomes Machado explicam também em textos as qualidades do desenho de Aldemir. E o próprio artista fala da vida de seu trabalho quando de uma estada em Roma. Há ainda textos de Odorico Tavares, José Gomes Sicre, Jaime Maurício e, no fechamento, três páginas de notas biográficas. Uma bela homenagem a Aldemir Martins, cearense de Ingazeiras, 64 anos, um artista hoje internacional.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
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16/02/1986

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