Livros de Vicente Athayde
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de abril de 1977
Por falta de visão dos dirigentes de entidades culturais do Paraná, uma editora constituída, basicamente, de capital estrangeiro - a McGraw Hill do Brasil S/A - é quem está tendo bons lucros e prestando um válido trabalho de difusão da literatura brasileira. Há cinco anos, após Ocyrom Cunha ter financiado a edição de "A Moreninha" de Joaquim Manoel de Macedo, devidamente preparada para os estudantes do 2º grau, com fichas de leitura, notas explicativas etc., o coordenador deste cuidadoso trabalho, professor Vicente de Paula Athayde, procurou várias entidades culturais, propondo a seqüência ao projeto - com amplas possibilidades de retorno do capital investido. Athayde, 35 anos, coordenador do curso de pós-graduação em Teoria da Literatura na Universidade Católica, 5 livros publicados, só encontrou má vontade. Decepcionado com a falta de visão dos donos da cultura tupiniquim, levou sua proposta aos editores da McGraw Hill.
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Hoje a McGraw Hill já vendeu mais de 200 mil exemplares de 36 romances de autores brasileiros, todos acompanhados de notas, fichas de leitura etc. A absorção destes volumes é tranqüila e ascendente e até 1983, sairá um total de 128 livros, cobrindo as principais obras dos 20 autores mais importantes de nossa literatura. Agora, Vicente Athayde está trabalhando nos romances e contos de Machado de Assis, mas, dentro de seu projeto, também autores inéditos, de grande valor, serão aproveitados. É o caso do catarinense Ricardo Hoffman, autor de "Catálise" e, em sua opinião uma das grandes revelações das letras, em 1977.
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Homem organizado e intelectualmente disciplinado, Vicente de Paula Athayde divide o seu tempo entre a Universidade Católica e a coordenação de várias edições. Atualmente trabalha num livro de crítica e interpretação literária, que incluirá um capítulo de análise das histórias em quadrinhos.
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Falando em livros, a Companhia Editora Nacional acaba de publicar importante ensaio sobre lingüistica: "Língua e Sistemas Simbólicos" de Yuen Ren Chao (Biblioteca Universitária, volume 7, 229 páginas, tradução de Maria da Glória Novak). Apesar de ser, evidentemente, um trabalho destinado a professores e estudantes universitários, seu registro é necessário: trata-se afinal de um erudito ensaio, com novo enfoque sobre os problemas de língua e linguagem - numa apreciação universal.
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