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Aramis

Mais de 60 prêmios para o festival sem suspense

Rio de Janeiro - São mais de 60 prêmios para as diferentes categorias em competição: curtas e longas em 35mm, curtas 16mm e vídeos U-Matic/VHS que desde sexta-feira estão sendo apresentados no VI RioCine Festival. Entretanto, não chega a existir um clima de competição nervosa como em outros festivais. Na categoria de longas nacionais a forma com que o RioCine faz suas premiações é original: de toda a produção lançada entre agosto/89 - agosto/90 (data em que anteriormente acontecia o festival) são selecionados cinco filmes, dos quais sairão os premiados - escolhidos por um júri final, este ano formado por 12 críticos, cineastas, artistas etc. Os "nominados" foram filmes vistos já há mais de um ano - no Festival de Gramado-89, exibidos comercialmente em todo o país e disponíveis em vídeo: "Que Bom Te Ver Viva", de Lúcia Murat; "Faca de Dois Gumes", de Murilo Salles; "Festa", de Ugo Giorgetti; "O Grande Mentecapto", de Osvaldo Caldeira, e "Doida Demais", de Sérgio Rezende. A obtenção de novos troféus valorizará os escolhidos mas pouco significa em termos de carreira comercial destas produções, praticamente já esgotadas em suas possibilidades - vendidos inclusive para exibições em televisão. Já na área de vídeo, as premiações principais, entre as produções em VHS e U-Matic, sendo que nesta há vários gêneros: documetário, ficção e musical. Dois concorrentes do Paraná disputam na categoria VHS: "As Crianças Não Choram", de Pabla Alessandra e Jorge Brunetti, e "Femininas", de Werner Schulmann. Na categora de curtas - 16mm, também há três concorrentes paranaenses: "O Candidato", de Altevir Silva (Bolinha) e Geraldo Pioli - que por sua simplicidade teve boa acolhida no dia (sexta-feira) da exibição no Centro Cultural Banco do Brasil; "Lápis, de Cor e Salteado", de Nivaldo Lopes (Palito) e "O Mau Selvagem", de Mauro Faccioni Filho (paranaense de Maringá, radicado em Florianópolis). E "Natal", que traz históricos sambistas e mostra a amizade de Natal por seu cunhado, Paulo da Portela (Paulo Benjamim de Oliveira, 1918-1948), excelente compositor e realmente um dos fundadores da Portela. Elton Medeiros, 50 anos, compositor e cantor dos mais importantes, que conheceu e conviveu com Natal, era um dos poucos sambistas presentes na sessão. Gostou do filme, embora veja com algumas restrições certas "liberdades" do roteiro. Miltom Gonçalves compõe bem o personagem-título, Zezé Motta está excelente. O irreverente jornalista Fausto Wolff, d'O Pasquim, e que foi candidato a deputado nas últimas eleições, interpreta o bicheiro David, assassinado por Natal. Dentro da pobreza de filmes biográficos sobre personalidades de nossa MPB - sempre com obras que tiveram problemas com as famílias após suas realizações ("Chico Viola Não Morreu", cinebiografia de Francisco Alves; "A Noite do Meu Bem", sobre Dolores Duran), "Natal" não deve encontrar tal óbice: dificilmente alguém trataria do bicheiro carnavalesco com mais afeto do que Paulo César Sarraceni. Hoje o Cinema I deverá lotar (o pequeno público tem comparecido nas sessões até agora): "Ay, Carmela". Último filme de Carlos Saura, indicado ao Oscar-91, é a atração principal para o encerramento. Antes, o curta "Memória", do gaúcho Roberto Hakim, o grande premiado em Brasília. Como "Ata-me", de Pedro Almodóvar, estréia hoje nos cinemas do Rio, a exibição de "Ay, Carmela", ganhou algum espaço na imprensa carioca - que tem sido sovina na divulgação do Rio Cine. LEGENDA FOTO - Fausto Wollf, interpretando o "bicheiro" David.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
22/11/1990

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