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Mais uma polêmica com a Parahyba de Jofilly

Há dez dias, quando estava no Hotel Del Rey, o empresário e historiador José Jofilly leu o caderno especial do "Jornal da Tarde" (17/9/83) e deparou corn uma página de ferozes críticas ao filme de Tizka Yamasaki e, especialmente, ao seu livro, "Anayde Beiriz" (editora Record, 2' edição), que foi escrito especialmente para subsidiar o roteiro deste filme que terá sua pré-estréia no Cine Morgenau; dia 8 de outubro. O autor do texto, Moacir Japiassu, no texto "A tragédia de Anayde, João Dantas e João Pessoa: a ficção e a História" investiu com pedras nas mãos em pontos que julgou falhos no livro de Jofilly, paraibano de João Pessoa, deputado federal entre 1945/62, e l7' nome da primeira lista dos cassados, em abril de 1964. Presidente da Harbitecnica, em Londrina - a maior indústria de defensivos agrícolas do Sul, concorrendo com as multinacionais, Jofilly não deixou de escrever livros de fundo histórico. Há 3 anos, publicou "Revolta e Revolução" sobre a revolução de 1930, quando, pela primeira vez, se preocupou cm examinar as relaçòes de João Dantas(18/5/1888 - 6/10/1830) e sua amante, a professora Anayde Beiriz (18/2/1905 - 22/10/1930 - e as causas "pessoais que levaram ao assassinato de João Pessoa (24/1/1878 - 26/7/1930), governador da Paraíba e candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas - estopim para a revolução que levou Vargas ao poder. Até então, nenhum dos 17 livros publicados sobre a Revolução de 1930 havia se preocupado cm examinar a love story de Dantas & Anayde, e quando a cineasta Tizuka Yamasaki leu o livro, se entusiasmou com a personagem. Ao chegar a Londrina, para lançar o seu primeiro longa-metragem, "Yajim", há 3 anos, conheceu Jofilly (já era amiga do seu filho, Zezinho, cineasta) e o convenceu a aprofundar os estudos sobre Dantas & Anayde, para subsidiar o roteiro de seu segundo filme. Jofilly aceitou o convite e como resultado fez "Anayde - Paixão e Morte na Revolução de 30", editado pela Record. Sobre este livro de 140 páginas (70 de texto, e outra metade com ilustrações), José Jofilly Filho e Tizuka construíram o roteiro de "Parahyba Mulher Macho", o filme mais polêmico do ano. A cineasta havia advertido a Jofilly de que iria fazer um filme "livremente inspirado" no romance, o que justifica as liberdades tomadas em relação a vários episódios. "Um filme histórico é arriscado" dizia Jofilly, na semana passada - lembrando o fracasso de "A Batalha de Guararapes". Investimento de mais de Cr$ 150 milhões -que exigiu a participação de duas empresárias - Helena Lundgren e Anita Harley -das Lojas Pernambucanas no financiamento - "Parahyba" vem tendo excelentes rendas. Ameaças de processo a Tizuca, protestos de familiares dos personagens etc. só tem feito subir as bilheterias. Agora, Moacir Japiassu resolveu contradizer alguns pontos do livro de Jofilly - provocando urna resposta do historiador, publicada no último sábado, na penúltima página do "Jornal da Tarde", em seu caderno de programas e leituras. Um dos pontos que Japiassu se apegou para procurar desmerecer o livro de Jofilly foi o episódio Mariastani. Baseado em dois historiadores nordestinos, Horácio de Almeida e Amarylio de Albuquerque, Jofillv levantou a tese de que João Pessoa havia ido a Recife, em julho de 1930, para encontrar-se com sua amante, a cantora Cristina Mariastini. Japiassu diz que Cristina, portugesa nascida na cidade do Porto, em 1918, teria então apenas 12 anos - e que faleceu em Rio Claro, SP, a 27/9/1966. Jofilly, entretanto, levantou dados que contradizem tais datas - inclusive recorrendo a básica discografía da música popular brasileira (edição Funane/Xerox, 1983). No volume 2, consta que em janeiro de 1930, em disco da Odeon, Cristina gravava o disco "Saudade Sombria", uma canção do paranaense Bento Mossurunga em parceria com Silveira Neto e "Solidão" (valsa de Eduardo Souto/Oswaldo Santiago). Jofily conseguiu outros depoimentos para provar de que em 1930, Cristina tinha muito mais do que 18 anos - aquecendo assim a polêmica com Moacir Japiassu, em mais um capítulo para provocar um interesse maior pelo filme. "Parahy» Mulher Macho" traz Tânia Alves como Anayde, Cláudio Marzo como João Dantas e Walmor Chagas como João Pessoa - além de Grande Otelo em participação especial. Tizuka, Tânia e Jofilly estarão em Curitiba, no dia 8, participando da pré estréia - que deverá ser acompanhada de alguns debates. Tânia Alves, além de atriz é tarnbém uma vigorosa cantora, como mostra nas 11 faixas de "Novos Sabores" (Polygram, setembro/83), seu segundo elepê - e no qual está inclusive "Viajar", de sua autoria (parceria com Enzo Merino), o tema de amor de "Parahyba".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
12
25/09/1983

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