Coração musical
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de setembro de 1983
A exemplo de Fagner, Milton Nascimento não se limita a fazer uma obra musical da maior qualidade. Incansável amigo, se preocupa em abrir as portas a gente de talento. E graças a isso tivemos há 3 anos a revelação do grupo Utaki e agora, vivendo em Belo Horizonte, Milton está produzindo discos de uma nova geração de altíssima voltagem. O primeiro destes é um jovem belorizontino, até há pouco apenas um anônimo desenhista do 6o Distrito do DNER, mas que foi revelado com "Coração Brasileiro", gravado por Milton em seu lp "Anima" (Ariola, dezembro/83). Em junho a mesma (e antológica) canção
("no meu coração brasileiro/Plantei um terreiro/Colhi um caminho/Armei arapuca/Fui pra tocaia, fui guerrear") foi a faixa-título do novo lp de Alba Ramalho, que em memos de um mês vendeu 100 mil discos e ganhou a disco de ouro. Agora é o próprio Celso Adolfo que explode em um disco trazendo nove outras músicas nas quais mostra porque merece tanto entusiasmo de quem já teve o privilégio de ouvi-lo. Celso Adolfo compõe de coração e alma, nos rem ete a imagens das mais belas, tem uma harmonia rara. Enfim, um compositor completo, dono ainda de afinada voz e bom violonista. Produção carinhosa de Milton Nascimento com participação do melhor da geração mineira - Túlio Miranda na coordenação musical, músicos como Renato Andrade (o melhor executante de viola caipira), vozes do próprio Milton (em "Cão Vadio"), e de espontâneos corais - afora, também uma respeitabilíssima seção de cordas em "Sombra de Vinhedos", fazem do disco de Celso Adolfo um dos lançamentos do ano.
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