Login do usuário

Aramis

Marcos se unem para ensinar a produção

O boom do vídeo no Brasil - não apenas (e felizmente) o comercial e idiotizante exploração da locação, com 90% do lixo internacional colocado nas lojas que se multiplicam a cada semana - mas na área da criação amplia-se seguramente. Hoje, com a difusão das filmadoras - que apesar dos preços ao redor de US$ 5 mil - dependendo do nível de sofisticação - começam a chegar a milhares de pessoas, nasce a necessidade de se oferecer orientação básica para se formar videastas. Dos amadores que ficam nos registros familiares e de turismo de férias aos jovens que sonham com vôos maiores - e festivais para revelar os talentos vem sendo realizados em várias partes nos últimos anos - o campo é amplo. Em Curitiba, enquanto o Museu da Imagem e do Som, mesmo com todas as suas limitações orçamentárias, tenta promover cursos práticos, começam a acontecer também iniciativas particulares. A mais recente é a do professor, cinéfilo, videasta e marchand-de-tablaux Marco Antônio Silveira Mello, 36 anos, que através de sua "Casa da Imagem - Escritório de Arte" (Rua Desembargador Westphalen, 1.610, fone 224-1374) começa amanhã um curso sobre técnicas de produção em cinema e vídeo. Paranaense de Maringá - em cuja Universidade Estadual é professor das cadeiras de História da Arte e Cinema - Marco Antônio, formado em História pela Universidade Federal do Paraná, turma de 1979, mestrado na UNICAMP (defendeu a tese "Cinema e Sociabilidade Contemporânea", que espera editar este ano), é tão apaixonado por cinema que ampliou seu escritório de arte, inicialmente voltado apenas como uma central de vendas de trabalhos de artistas da nova geração para um núcleo de cinema e vídeo. Dono de uma biblioteca especializada, sentindo as possibilidades do vídeo como forma de expressão, acreditou nos elogios que seu amigo Fernando Severo vem fazendo sobre um curitibano e o contratou para orientar um curso que, dividido em duas fases, inicia amanhã. Para iniciantes, o curso se estenderá de 21 a 25 de janeiro, com vagas limitadas e aulas entre 19 e 22 horas (preço Cr$ 6 mil). Posteriormente, de 28 de janeiro a 1º de fevereiro, haverá um curso para profissionais - ou ao menos videomakers já com alguma experiência. O professor será Marcos Joel Jorge, curitibano, 25 anos, que após se formar em jornalismo pela UFPR conseguiu, em 1982, uma bolsa de estudos na Itália. Com algumas experiências em publicidade e também apaixonado pelo mundo das imagens, conseguiu fazer cursos de vídeo na JVC - Bell & Howell, de Milão, cursos de roteiro com o americano Robert Mckee e o de direção com Nikita Michalkov, cineasta totalmente desconhecido no Brasil mas que entre outros filmes, realizou "Partitura Incompleta para Pianola Mecânica", baseado num cult book dos anos 60. Em Roma, trabalhou no Studio Azzuro e Metamorphosi S.C.A.R.L. - dois grupos ligados a vídeo arte e com o Unistudio de Turim, participando de equipes que realizaram alguns vídeos. Sua maior glória foi ter sido admitido como um dos assistentes de Jeannot Szwarc, cineasta americano (nascido em Paris) que após vários trabalhos para a televisão, estreou no longa-metragem com "Praga Infernal" (Bugs, 1974, com Bradford Dillman) e, 5 anos depois, dirigiu um lacrimogêneo sucesso comercial - "Em Algum Lugar do Passado" (Somewhere in Time, com Christopher Reeves). Em Roma, onde rodou "The Mountain of Piamonds", co-produzido pela Laser Film, Szwarc teve entre os assistentes o curitibano Marcos Jorge. De volta, temporariamente, ao Brasil - onde está fazendo o "Vídeo Instalação nº 2" (Il Vero Volto Del Brasili), com imagens de diversos videoprogramas e um documentário em 16mm a ser rodado em várias cidades, Marcos Jorge - levado por Severo (com quem havia colaborado em "O Mundo Perdido de Kozak") ao Escritório de Arte, surgiu então a proposta dos dois cursos que iniciam amanhã. Marco Antônio explica e o curso que seu xará Marcos Jorge dará em Curitiba "pretende descrever e analisar de modo particularizado o processo de produção de um filme e um vídeo. Partindo do argumento escolhido, estudará todas as fases necessárias até a obtenção da cópia final, através de diversas técnicas de preparação, produção e pós-produção envolvidas no processo". Marcos Jorge desenvolveu um plano de curso que visa não só aprofundar o conhecimento das técnicas produtivas dos profissionais atuantes na área ou apresentá-las aos iniciantes, ma também apreciar os novos sistemas "e propiciar aos interessados uma visão mais clara de como fazer seus filmes ou vídeos utilizando da maneira mais eficiente possível os recursos disponíveis". LEGENDA FOTO - O curitibano Marcos Jorge, num set de filmagens em Roma, inicia amanhã na Casa da Imagem, curso sobre produção em cinema.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
3
20/01/1991

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br