Música
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de abril de 1973
Há dois anos, quando esteve no Rio de janeiro, como convidado de honra do Festival Internacional da Canção, Ray Conniff fez declarações bastante infelizes com relação a nossa música popular, afirmando desconhecer qualquer compositor brasileiro, inclusive Antônio Carlos Jobim, na mesma época em que Tom (para não falar em Sérgio Mendes e outros) estourava nas paradas de sucesso nos EUA. E tais afirmações tornavam-se ainda mais desagradáveis partindo de um maestro-regente que há 20 anos desfruta de um público imenso em nosso país, que nunca deixou de adquirir seus álbuns, desde os primeiros lançamentos da série "S" (Wonderful-Marvelous-Awful Nice-Hollywood-Broadway). Aliás, o público de Conniff é bem definido: uma parcela entre a sofisticação da classe alta mais exigente (que prefere os clássicos, o jazz ou a MPB autentica) e o público jovem, ligado a música elétrica dia anos, 60. Um público classe média, hoje na faixa dos 30-35 anos, e que em sua adolescência aprendeu a admirar Conniff, com seus arranjos açucarados para vozes, cordas e metais, sem qualquer improvisação, embora Ray Conniff tenha sido trombonista em algumas orquestras semi-jazzísticas nos anos 40 (artie Shaw, Bib Crosby e Bunny Berigan). "I Can See Clearly Now" (CBS, 137800), não se diferencia em nada dos múltiplos álbuns anteriores de Connoff e seus cantores. Sucesso do momento em arranjos suaves. Uma easy music bem cor de rosa: "Bem", "Summmer Broeze", "Clair", "I Bellieve In Music", "If I CouldReach You", "Something`s Wrong With Me" , "I Am Woman", "I Can See Clarly New" etc. Mas o seu público fiel já está procurando com insistência o lp e a fita. Afinal, para back-ground de um momento de amor não há indicação melhor.
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