Música
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de janeiro de 1974
Um dos lançamentos da linha pop mais importantes no ano passado foi o do cantor-compositor David Bowie ("Aladdin Sanes", RCA Victor, LO4.4034), documento de sua fase mais recente, após uma excursão pelos EUA, em outubro de 1972. Admirador de escritores como Jean Genet, Allen Ginsberg, William Burroughs e Jack Kerovac, o inglês Bowie, empregando recursos da chamada "prosa instantânea", pôde rapidamente converter sua excursão - meio desastrada - pelos EUA numa espécie de "On the Road" do rock, como acentuou o crítico Ezequiel Neves. Escritos em Nova Iorque, Seattle, Los Angeles, Detroit e Fenix, cada capítulo (canção) do LP é uma crônica de terror vivida pelo racional Aladdin Sane (o próprio Bowie). Usando com sofisticação e domínio absoluto diferentes gêneros musicais (o rock o rythmen and blues, o som latino e canções de cabaré) e citando Jung, Marilyn Monroe, Benny Goodman, Bowie vai traçando seu urbano painel de violência ("Panica in Detroit"), paranóia ("Watch That Man"), solidão ("Drive in Saturday"), mercantilismo ("Cracked Actor"), crueldade ("The Jean Genie") e desilusão ("Times"). Aos 24 anos, superstar do rock bissexual, este é o sexto LP de David Bowie e o segundo editado no Brasil, pois em 1972 a RCA Victor aqui lançou seu famoso álbum "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars".
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