Livro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de janeiro de 1974
O sucesso de "Cem Anos de Solidão" de Gabriel Garcia Marques abriu os olhos de nossos editores para a (rica) literatura latino-americana e com isto ganharam os leitores. Autores até há poucos anos inéditos em nosso País - e só conhecidos de uma elite, através da leitura em espanhol - passaram a ser discutidos e conhecidos e, entre eles, com destaque, o argentino Júlio Cortázar - há anos radicado em Paris - destacou-se ainda mais, pois um de seus contos havia inspirado a Antonioni o polêmico "Blow Up". A Civilização Brasileira, após editar "Todos os Fogos o Fogo", "O Jogo da Amarelinha" e "Os Prêmios", de Cortázar, lançou "62 Modelo para Amar", uma "narrativa conflituosa, em que o drama humano é proposto e analisado em toda a sua complexidade", como adverte Mário da Silva Brito na apresentação mas que se torna "um emocionante puzzle que permite a cada leitor realizar a sua montagem pessoal desse romance que surpreende por sua forma inovadora, qualidade artística e mensagem humana". É uma obra instigante a intrigante, que bole com todas as fibras e nervos, com todos os nossos centros racionais e emocionais. Cortázar não resolve apenas as estruturas da novelística. Desmantelando também velhas formas de ver o mundo - e especialmente a velha psicologia -, reergue realidades normalmente despercebidas, revela erros e paixões, mostra ao homem que é necessário cuidar de se reconstruir. Tradução de Glória Rodriguez, capa de Eleanora Affonso, Biblioteca do Leitor Moderno, volume 151, 225 páginas.
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