Música
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de março de 1974
Ao lado das reedições através do sêlo Candem e da excelente Série Documento. Já com 4 históricos lps editados (Nelson do Cavaquinho, Synval Silva João de Barros e Ismael Silva), a RCA Victor hoje reorganizada e funcionando excelentemente, criou também a coleção "Grandes Interpretes" da MPB. Utilizando o seu excelente arquivo, gravadora que é das mais antigas e que sempre se voltou ao prestigiamento a nossa música popular a Victor tem condições de oferecer material de primeira qualidade e há muito esgotada. Com suas reedições, democraticamente, coloca ao alcance de uma geração mais jovem tesouros que até então apenas colecionadores privilegiados - como um Sérgio Cabral na GB ou um Luciano Lacerda no Paraná, possuíam. Na série "Grandes Intérpretes", sai agora o lp de moreira as Silva (Candem, 107.162, fevereiro/74). Como sempre J. L. Ferrete, dono de um texto agradável e didático, fornece na contracapa, as informações básicas sobre o intérprete. Quem merecem serem aproveitadas: filho mais velho de um trombonista da Banda da Polícia Militar, Antônio Moreira da Silva é carioca de 1.o de abril: do ano de 1902. Órfão ainda criança, criando em ambiente humildes Moreira assimilou a linguagem característica da gente pobre do Rio, já que morou nos chamados ambientes de "barra pesada". Aos 24 anos conseguiu emprego de motorista na Prefeitura do então Distrito Federal (do qual se aposentou, em 1958 como auxiliar de garagem) Tinha 30 anos quando fez o seu primeiro disco, como cantor, pela Odeon, trazendo dois "pontos-de-macumba", "Ererê e "Rei da Umbanda" (ambos de Getulio Marimbo). O disco fracassou, assim como quatro outros que fez ainda em 1932. Mas então ele já se firmava como compositor - com convivência com boss nomes - e ainda em 32 entrada na Columbia, onde faria o seu primeiro sucesso, "Arrasta a sandália" de Aurélio Gomes e Biaaco. E logo em seguida, na mesma marca. "E batucada.." de José Luís de Morais, o "Caninha" (1883-1961), que lhe deu o 1.o lugar no Concurso de Musicas de Carnaval de 33. Em 1933, passou para a RCA e ali estreou com os ganhos "Eu vou comprar" (Heitor dos Prazeres) e "No moro de São Carlos"(hervê Cordovil/Orestes Barbosa). Em setembro/33, gravou dois sambas de Assis Valente: "Levante o Dedo" e "Cadê Você. Mas no segundo semestre de 34 voltava a Columbia, onde gravou, de imediato seis sambas carnavalescos, um dos quais, "Implorar" (Kid Pepe/Germano Augusto/J.S. Gaspar) foi o grande sucesso no Carnaval de 35. Em 1936, estreou no rádio, no Programa Casé, da extinta Rádio Philips. No ano seguinte. Cesar Ladeira o levou para a Mayrink Veiga e lhe deu o apelido de "O Tal". Foi nesta ocasião que Moreira criou o chamado samba-de-breque que marcaria sua carreira. Em 1939, foi a Portugal e chegou a fazer um filme ("A Varanda dos Rouxinóis", de Leitão de Barros) De volta ao Brasil gravou na Odeon. Columbia e RCA Victor dezenas de sucessos, entre as quais as que com muita felicidade, foram selecionadas para este importante lp "Amigo Urso" (Henrique Gonçalves). "A Deusa da Vila" (Djalma esteves/David Nasser). "Bilhete Branco" (Henrique Gonçalves), "Mendigo de Amor" (Oduvaldo Lacerda/Gastão Viana) "Com Açucar..." (Wilson Batista/Darcy de Oliveira), "Olha a Direita..." (Assis Valente), "Esta Noite Eu Tive Um Sonho" (Moreira), "Doutor em Futebol" (Waldemar Pujol/Moacyr Bernardino) "Olha A Cara Dela..." (Moreira/Geraldo Pereira), "O Homem Que Se Casa é Feliz" (Oduvaldo Lacerda/Correia da Silva). "Assim Termina Um Grande Amor" (Djalma Esteves/Moreira) e "Abre a Boca e Feche os Olhos" (Assis Valente).
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