Nely e suas preocupações pela cidade que a elegeu
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de setembro de 1989
Afinal, o que faz um vereador? Um deputado (estadual ou federal) ou mesmo um senador?
No desgaste (cada vez maior) de imagem dos políticos, poucos dos que conseguem chegar ao Poder Legislativo sabem manter, após sua eleição, um contato direto com as base que lhe deram seus mandatos. Ao contrário, muitos só aparecem como notícia ao tomarem posse ou, geralmente, por atitudes condenáveis - aprovando (ou propondo) projetos imorais, buscando salários cada vez maiores ou entrando no folclore político devido a falta de preparo intelectual para desenvolverem um trabalho que justifique a confiança que mereceram dos eleitores - e, principalmente, os (altíssimos) salários que recebem as custas do povo.
Por tudo isto, quando aparece - coisa rara - um ocupante de cargo eletivo que tem, realmente, o que explicar aos seus eleitores e a opinião pública, merece um destaque. E hoje aqui está um exemplo: Nely Almeida.
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Catarinense de nascimento mas identificada desde a juventude a Curitiba, esposa de um dos médicos mais estimados do Paraná, o cirurgião e professor Felix do Rego Almeida, mulher que sempre teve preocupações intelectuais refletidas em artigos, pesquisas e livros, Nely só aceitou entrar no pantanoso campo político devido ao estímulo de seus milhares de amigos. Sua campanha foi antes de tudo um mutirão que lhe deu uma bela vitória, o que, ampliou sua responsabilidade. Mesmo chocando-se com o baixo nível da política de bastidores, incompatíveis com uma formação ética de maior dignidade e grandeza, Nely não ficou na reclamação e no desencanto. Ao contrário, em apenas oito meses conseguiu equacionar uma programação de trabalho, desenvolvendo aquilo que um vereador(a) pode fazer - ou ao menos discutir - em favor de sua cidade.
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Uma demonstração do trabalho de Nely Almeida está sendo feita numa mala direta, criada com inteligência e objetividade, impressa de forma econômica, sem o luxo e a sofisticação que caracteriza o desperdício de tantos impressos oficiais. Eis aqui um pouco do que Nely fez em seus primeiros meses na Câmara Municipal.
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* No primeiro semestre, apresentou mais de 150 proposições, requerimentos e outras participações em benefício da cidade e das pessoas.
* A cada sessão compareceu, em média, com três proposições ou manifestantes.
* Todos os problemas básicos da cidade foram por ela discutidos. Praticamente visitou todos os bairros da cidade.
* Um de seus projetos - em tramitação - é o que propõe a contratação de pessoas idosas, aposentadas, pela Prefeitura. Elas poderão trabalhar em creches, escolas, orfanatos, ensinando às crianças habilidades manuais, técnicas profissionais, recebendo valorização e preservando técnicas e profissões que estão ficando esquecidas, apesar de úteis (esta idéia, aliás, surgiu também com o prefeito Jaime Lerner, há muito tempo, o que deverá garantir sua implantação tão logo a Câmara aprove a lei).
* Outra boa idéia de Nely vem sendo viabilizada com o entusiasmo da Sra. Rosarita Dotti, esposa do Secretário da Cultura: o projeto "Teatro para a Criança Carente", que já atingiu mais de 10 mil crianças.
* Em sua mala direta, num grande mapa de Curitiba, foram assinaladas as suas iniciativas em favor da cidade - atingindo praticamente todos os bairros.
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Mesmo as iniciativas mais "oficiais" - como a proposição de nomes para homenagens especiais no município - Nely tem sido feliz. Por exemplo, considerar vulto emérito de Curitiba a professora Pórcia Guimarães Alves, uma das pioneiras de estudo da psicologia infantil no Paraná, professora (aposentada) da Universidade Federal do Paraná e criadora da primeira escola para crianças superdotadas.
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Não são muitas vezes que ocupantes de cargos eletivos merecem que se gaste espaço para enaltecer suas virtudes. Ao contrário. Mas no caso de Nely Almeida, que chegou à Câmara sem vícios, comprometimentos e principalmente, livre da mediocridade da classe política, o elogio é merecido.
LEGENDA FOTO - Vereadora Nely Almeida: 150 intervenções em seis meses.
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