No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de junho de 1988
Pela 12a. vez realiza-se o Festival do Cinema Super 8, provando que a bitola, apesar de sua decadência (no Brasil, pois na Europa e EUA continua a ter cultores). São 39 filmes que, em três manhãs, (de segunda a quinta-feira) estão sendo exibidos para um pequeno público, no plenário do Hotel Serrano. Muitos dos filmes (que foram inscritos sem seleção prévia) são realizações já antigas. Não há nenhum concorrente do Paraná, onde o movimento superoitista praticamente morreu.
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Ivo Branco, cineasta e videomaker, que foi o primeiro a se voltar ao fascínio de Patrícia Galvão (1910-1962) realizando "É Pagu, he" (melhor curta e melhor roteiro no Festival de Brasília 1982) veio a Gramado e trouxe uma cópia de seu curta. Na tarde de terça-feira, promoveu uma sessão especial - bastante elucidativa, para comparar ao polêmico filme de Norma Benguell, "Eternamente Pagu", em competição e exibido naquela noite. Norma Benguell, contrariando o que muitos imaginavam, até na terça-feira estava discreta, sem maiores polêmicas. É verdade que seu filme só foi debatido na quarta-feira à tarde. Detalhes no próximo número.
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Este ano o autor do melhor ensaio sobre cinema brasileiro deverá receber um Kikito especial. Só que até a terça-feira, o conhecido e estimado Antônio de Jesus Pfeil, cineasta e pesquisador do cinema gaúcho, presidente da Comissão Julgadora, não havia conseguido reunir seus colegas de júri, para discutir a premiação.
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Os júris de curta e longa-metragens têm tido reuniões diárias, analisando os filmes em competição. Paulo Autran preside o júri do longa, que tem como membros a veterana atriz Carmem Silva, jornalista Helena Salem, Neu Sroulevich - diretor do FestRio, ator Nelson Xavier, Guilherme Lisboa, diretor do MIS-São Paulo, fotógrafo Pedro Farkas (já acertada sua participação no longa "O Drama da Fazenda Fortaleza", de Berenice Mendes), o compositor Sérgio Sarraceni e o diretor Walter Lima Jr.
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No júri dos curtas, o presidente é o exibidor Mário Luis dos Santos, filho do famoso "Mário Pintado", dono da maioria dos cinemas no Sul do Brasil. Os outros membros são Almir Labaki (Folha de S.Paulo), cineasta Carlos Gerbase, Eduardo Leone, Luiz Carlos Carion (que no passado publicou pela Tchê, um robusto livro sobra a história dos 15 festivais de Gramado) e o cineasta mineiro Rafael Conde Rezende, realizador do belo "Uatki", melhor curta, 35mm, em 1987.
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"Natal da Portela", de Paulo Cesar Sarraceni, embora inscrito, nem chegou a ser examinado pela comissão de seleção. É que a única cópia, na França (exibida na quinzena dos realizadores, em Cannes) não chegou a tempo. Já "Romance", do paranaense Sérgio Bianchi (que se encontra em Munique, onde seu cortante filme representará o Brasil) teve uma sessão extra.
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