No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de junho de 1989
1) - "Ilha das Flores", o filme mais criativo e inteligente do Festival, do gaúcho Jorge Furtado, provocou um fato inédito na quinta-feira: após sua exibição, o público levantou e o aplaudiu por dois minutos. Passou a ser o absoluto favorito e os nove Kikitos que recebeu (somando as premiações como filme gaúcho e concorrendo na categoria 35mm nacional) confirmaram a opinião do público. Pela sua qualidade e importância - e amanhã falaremos com maior vagar a seu respeito - os outros curtas em competição, muitos de alto nível, acabaram sendo prejudicados. Afinal, se o júri do curta, presidido pelo cineasta mineiro Helvécio Ratton ("A Dança dos Bonecos") não se controlasse, todos os Kikitos iriam para o filme de Jorge Furtado.
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2) - "Caramujo Flor", de Joel Pizzini Filho, de Campo Grande (mas com quilometragem curitibana) era um dos favoritos a levar algumas premiações. Simpático e organizado, Joel levou belo material promocional (inclusive um cartaz criado pela Umuarama) e chegou a ser mencionado na cobertura dos jornais "Zero Hora" e "O Pioneiro", como um dos favoritos. Mas o impacto de "Ilha das Flores" o desalojou - assim como outros concorrentes em curtas - e Joel voltou de Gramado sem nenhuma premiação.
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3) - Geraldo Flach, 39 anos, um dos mais importantes nomes da música gaúcha, compositor, maestro, arranjador, dono da Trama - um dos melhores estúdios do Sul, foi quem criou a nova música tema do festival. Uma composição de extrema comunicação que, com diferentes arranjos, forneceu uma trilha sonora harmoniosa e mesmo emocionante para o Festival.
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4) - Apesar de ter tido pouco tempo para estruturar o Festival, o secretário Esdras Rubin, do Turismo, que presidiu a Comissão Executiva, conseguiu não só manter o nível do evento que é hoje a vitrine do cinema brasileiro, como trazer boas inovações. A valorização aos profissionais do cinema, a realização paralela de um encontro de executivos de entidades de cinema da América Latina para discussão de problemas comuns (sobre o que falaremos ainda esta semana) e o alto nível dos filmes apresentados - justificam aplausos a Rubin.
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