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Aramis

No campo de batalha

Político experiente, ex-prefeito de Guarapuava, ex-deputado federal, que não esconde seus sonhos de um dia ainda chegar ao Palácio Iguaçu, Nivaldo Kruger está preocupado com a péssima imagem da Sanepar - cuja presidência assumiu na semana passada. Por isto, conveceu o jornalista Pery Oliveira, seu assessor de maior confiança, a também deixar o Terceiro Planalto e ajudá-lo no novo desafio que é a recuperação da empresa de Saneamento e Abastecimento d'água do Paraná. xxx Jornalista que foi, ao lado de Milton Ivan Heller (hoje dedicando-se apenas a escrever um livro sobre o Contestado), pioneiro na cobertura do movimento sindical do Paraná, Pery passou a assessorar a Kruger após 1964. Graças a sua competência e dedicação, Kruger teve sempre boa imagem - e agora, vendo a situação em que se encontra a Sanepar, começou a fazer contatos para agilizar serviços e melhorar o atendimento. Afinal, reclamações contra a empresa não faltam - como, pessoalmente, testemunhamos e aqui denunciamos há alguns dias. xxx Afastado dos embates eleitorais, advogado, empresário e procurador do Tribunal de Contas do Paraná, Odilon Túlio Vargas já passou o facho político para seu filho, Marcus Túlio, 26 anos. Em 1955, Túlio Vargas chegava a Maringá e iniciava sua carreira política. Agora, é o seu filho que ali começa, como secretário de comunicação social do prefeito Ricardo Barros - também da segunda geração política (seu pai, Silvio Barros, foi prefeito por duas vezes naquela cidade). xxx Marcus Túlio estava residindo em Londrina, dirigindo a próspera filial do Sir Laboratório de Som e Imagem, pertencente a família. Agora, vai dedicar parte de seu tempo a tentar formar uma boa imagem de Ricardo Barros, 29 anos, ambicioso em termos políticos e que já teria declarado a amigos que sua meta é chegar a governador antes da segunda década do século XXI. xxx Marcus Túlio Vargas é da terceira geração de políticos. Seu avô, Rivadavia, de Piraí do Sul, ocupou cargos importante e foi deputado em várias legislaturas. Túlio Vargas fez carreira de vereador e deputado federal, disputando inclusive o Senado. Ocupou por duas vezes a Secretaria da Justiça. Hoje, na tranqüilidade financeira de quem sempre teve muita sorte em sua vida, se dedica a um hobbie cultural que sempre o fascinou: escrever biografias romanceadas e exercer uma atividade para redimensionar o Centro de Letras do Paraná. xxx "Jornal de Artes Cênicas", que o Inacem vem editando regularmente, é um exemplo de publicação cultural: textos limpos, comunicativos, interessantes - justificando o custo da publicação. No último número, quatro páginas são assinadas por Denise Stocklos, que continua fiel as suas origens: Irati. No primeiro parágrafo do seu texto, a nossa maior mímica diz: "Irati. Ir a ti. Pequena cidade do Sul do Paraná onde nasci. Parece uma bandeja, com aquelas montanhas rodeando o vale onde estão as casas. Da minha, eu via os trigais ao longe e pensava: deve haver algo mais, todavia mais distante". xxx Em seu texto, Denise Stocklos fala do que chama de "teatro do essencial": "É um teatro que tem o mínimo possível de gestos. Movimentos, palavras, figurinos, cenários e efeitos, também reduzidos ao mínimo, e que contenha a máxima teatralidade em si mesmo. Que na figura humana em cena, se realize a alquimia única em que a realidade da representação se faça mais vibrante que o tempo cronológico. Que critique esse tempo, que o subverta. Que nesse fim de século o teatro possa reafirmar o sentido do essencial como muito mais evidente que a matéria descartável". Enquanto tem um reconhecimento artístico internacional, no Paraná, Denise está com as portas fechadas. É que ela não desistiu do processo contra o governo do Estado, pela utilização indevida de sua imagem numa mensagem de fim de ano que valeu premiações a Beta Propaganda, de seu (ex) amigo Jamil Snege. O processo está agora nas mãos do juiz da 4ª Vara, a espera de peritagem para avaliações dos prejuízos que o uso indevido da mensagem publicitária lhe trouxe. xxx Denise iria fazer uma experiência nova em sua carreira, estreando como cantora lírica na montagem de "Medéia", superprodução de Fernando Bicudo para marcar a reabertura do Teatro Amazonas. Mas parece que as coisas melaram e o projeto foi congelado... xxx Embora ensine a filosofia popular de que em cavalo dado não se olha nos dentes, as doações que a lei Sarney estimula são, muitas vezes, ridículas. Por exemplo, a Sociedade Paranaense de Cultura, mantenedora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, divulgou a relação de dez doações, para bolsas de estudos, em valores que pouco podem ajudar. Por exemplo, o escritório David Deusthcher Advogados Associados (que aliás tem feito várias contribuições a Secretaria da Cultura) doou NCz$ 38,32. Já a firma Carbono Lorena S/A, de Santo Amaro, São Paulo, enviou NCz$ 171,79. A Socitex Sociedade Comercial de Produtos Técnicos Ltda., doou a importância de NCz$ 32,15. A Empresa Açúcar e Álcool Bandeirantes, uma das mais ricas de seu setor, ofereceu NCz$ 650,95 - a contribuição mais substanciosa. Até uma ordem religiosa - a Associação das Irmãs Missionárias Cominianas do Brasil - fez sua contribuição: NCz$ 64,28.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
27/06/1989

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