No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de junho de 1989
Político experiente, ex-prefeito de Guarapuava, ex-deputado federal, que não esconde seus sonhos de um dia ainda chegar ao Palácio Iguaçu, Nivaldo Kruger está preocupado com a péssima imagem da Sanepar - cuja presidência assumiu na semana passada. Por isto, conveceu o jornalista Pery Oliveira, seu assessor de maior confiança, a também deixar o Terceiro Planalto e ajudá-lo no novo desafio que é a recuperação da empresa de Saneamento e Abastecimento d'água do Paraná.
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Jornalista que foi, ao lado de Milton Ivan Heller (hoje dedicando-se apenas a escrever um livro sobre o Contestado), pioneiro na cobertura do movimento sindical do Paraná, Pery passou a assessorar a Kruger após 1964. Graças a sua competência e dedicação, Kruger teve sempre boa imagem - e agora, vendo a situação em que se encontra a Sanepar, começou a fazer contatos para agilizar serviços e melhorar o atendimento. Afinal, reclamações contra a empresa não faltam - como, pessoalmente, testemunhamos e aqui denunciamos há alguns dias.
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Afastado dos embates eleitorais, advogado, empresário e procurador do Tribunal de Contas do Paraná, Odilon Túlio Vargas já passou o facho político para seu filho, Marcus Túlio, 26 anos. Em 1955, Túlio Vargas chegava a Maringá e iniciava sua carreira política. Agora, é o seu filho que ali começa, como secretário de comunicação social do prefeito Ricardo Barros - também da segunda geração política (seu pai, Silvio Barros, foi prefeito por duas vezes naquela cidade).
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Marcus Túlio estava residindo em Londrina, dirigindo a próspera filial do Sir Laboratório de Som e Imagem, pertencente a família. Agora, vai dedicar parte de seu tempo a tentar formar uma boa imagem de Ricardo Barros, 29 anos, ambicioso em termos políticos e que já teria declarado a amigos que sua meta é chegar a governador antes da segunda década do século XXI.
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Marcus Túlio Vargas é da terceira geração de políticos. Seu avô, Rivadavia, de Piraí do Sul, ocupou cargos importante e foi deputado em várias legislaturas. Túlio Vargas fez carreira de vereador e deputado federal, disputando inclusive o Senado. Ocupou por duas vezes a Secretaria da Justiça. Hoje, na tranqüilidade financeira de quem sempre teve muita sorte em sua vida, se dedica a um hobbie cultural que sempre o fascinou: escrever biografias romanceadas e exercer uma atividade para redimensionar o Centro de Letras do Paraná.
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"Jornal de Artes Cênicas", que o Inacem vem editando regularmente, é um exemplo de publicação cultural: textos limpos, comunicativos, interessantes - justificando o custo da publicação. No último número, quatro páginas são assinadas por Denise Stocklos, que continua fiel as suas origens: Irati. No primeiro parágrafo do seu texto, a nossa maior mímica diz: "Irati. Ir a ti. Pequena cidade do Sul do Paraná onde nasci. Parece uma bandeja, com aquelas montanhas rodeando o vale onde estão as casas. Da minha, eu via os trigais ao longe e pensava: deve haver algo mais, todavia mais distante".
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Em seu texto, Denise Stocklos fala do que chama de "teatro do essencial": "É um teatro que tem o mínimo possível de gestos. Movimentos, palavras, figurinos, cenários e efeitos, também reduzidos ao mínimo, e que contenha a máxima teatralidade em si mesmo. Que na figura humana em cena, se realize a alquimia única em que a realidade da representação se faça mais vibrante que o tempo cronológico. Que critique esse tempo, que o subverta. Que nesse fim de século o teatro possa reafirmar o sentido do essencial como muito mais evidente que a matéria descartável".
Enquanto tem um reconhecimento artístico internacional, no Paraná, Denise está com as portas fechadas. É que ela não desistiu do processo contra o governo do Estado, pela utilização indevida de sua imagem numa mensagem de fim de ano que valeu premiações a Beta Propaganda, de seu (ex) amigo Jamil Snege. O processo está agora nas mãos do juiz da 4ª Vara, a espera de peritagem para avaliações dos prejuízos que o uso indevido da mensagem publicitária lhe trouxe.
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Denise iria fazer uma experiência nova em sua carreira, estreando como cantora lírica na montagem de "Medéia", superprodução de Fernando Bicudo para marcar a reabertura do Teatro Amazonas. Mas parece que as coisas melaram e o projeto foi congelado...
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Embora ensine a filosofia popular de que em cavalo dado não se olha nos dentes, as doações que a lei Sarney estimula são, muitas vezes, ridículas. Por exemplo, a Sociedade Paranaense de Cultura, mantenedora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, divulgou a relação de dez doações, para bolsas de estudos, em valores que pouco podem ajudar. Por exemplo, o escritório David Deusthcher Advogados Associados (que aliás tem feito várias contribuições a Secretaria da Cultura) doou NCz$ 38,32. Já a firma Carbono Lorena S/A, de Santo Amaro, São Paulo, enviou NCz$ 171,79. A Socitex Sociedade Comercial de Produtos Técnicos Ltda., doou a importância de NCz$ 32,15. A Empresa Açúcar e Álcool Bandeirantes, uma das mais ricas de seu setor, ofereceu NCz$ 650,95 - a contribuição mais substanciosa. Até uma ordem religiosa - a Associação das Irmãs Missionárias Cominianas do Brasil - fez sua contribuição: NCz$ 64,28.
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