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Aramis

O Canto do Paraná (I)

Pelo menos dois dos concorrentes da segunda noite na semifinalista (etapa Curitiba) do festival Todos os Cantos, quarta-feira, ao interpretarem suas músicas, lembravam claramente o estilo de artistas ali presentes. O garoto Hardy Guedes Alcoforado Filho, o primeiro a se apresentar, com seu "Beira-Mágoa", mostrou uma canção (não classificada) romântica e identificada - intencional ou por coincidência - com o que Carlinhos Lyra fazia há 20 anos passados. Já Debora Rosa, defendendo a mais sensual música deste festival - "Lobisomem", não deixou de mostrar, em sua forma de cantar a extraordinária Fátima Guedes que, faria o belíssimo show de encerramento. O autor de "Lobisomem", Marcelo Rosa, e um rapaz persistente - sua música, de imagens excitantes e que há alguns anos não passaria pela Censura, foi desclassificada nas etapas de Cascavel (onde impressionou especialmente ao jurado Caetano Rodrigues, pesquisador de música popular), Antonina e Maringá. Insistindo - não desistindo, Marcelo Rosa conseguiu, finalmente incluir sua canção entre as seis selecionadas - e ontem a noite concorreu (embora com poucas chances) a escolha das três que, a partir de hoje estarão disputando a finalíssima. Se persistência valesse prêmios, Marcelo mereceria destaque. Também se houvesse premiação para intérprete, Marilena Mueller, ao defender "Meu Canto" (Beatriz/Eduardo Cartaxo) mereceria esta premiação. Jovem, bonita e afinada, Marilena foi a melhor surpresa, em termos de interpretação, na noite de terça-feira. A sua maneira sentida de, profunda, de dizer as palavras desta canção contou muitos pontos para a sua classificação - e se chegar ao final (impossível de prever, no momento em que redigimos estas anotações), terá condições de merecer muitos votos. O sambão bem brasileiro esteve representado por duas músicas leves, descompromissadas e de balanço: o Esquadrão do Samba defendeu o interessante "Chega de Miséria" (Maria Carolina Lupion Guimarães) e amparou as "Quatro Panteras" na interpretação de "Mais Vale a Chegada" (Euclides Moreira de Souza), que ontem a noite, disputaram também a chance de chegarem à finalíssima a partir de hoje. Infelizmente, uma das duplas de maior sensibilidade da música do Paraná, Paulinho Vítola e Marinho Galera (responsáveis por "Onze Cantos", do melhor elepê já produzido no Paraná) não tiveram o seu "Pratos Limpos" classificado. Coisas de festival, perfeitamente compreensível! Ao chegar na etapa de Curitiba, após sete eliminatórias no Interior, esta promoção da Secretaria da Cultura e Esportes vem já limpa de muitos erros que caracterizam eventos desta natureza. Jorge Natividade e Heitor Valente, coordenadores da promoção destinada a revelar novos talentos, procuraram fundamentar o Festival num esquema bem organizado, esforçando-se em dar condições a todos os candidatos de mostrarem suas músicas em total igualdade de condições. Um júri numeroso e com a presença de muitos profissionais da MPB - compositores, instrumentistas, intérpretes - a partir de hoje analisará as 24 melhores músicas pré-selecionadas ao longo de nove meses. Uma gestação suficiente para permitir a que se tome o pulso da criatividade musical. E, como salientamos em registro anterior, mais importante do que as premiações - Cr$ 350 mil, mais um elepê com as 12 finalíssimas, que disputarão os 5 primeiros lugares na noite de domingo - é um trabalho indispensável a ser feito, já a partir da próxima semana, para que o festival não se esgote em sua simples realização. LEGENDA FOTO. Todos os Cantos no Guaíra.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
8
12/12/1980
Q showww muito legal... Ler sobre minha mãe me arrepia!!! Nem era nascida nesse Festival... Gostaria de saber se ainda restam fotos???

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