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Aramis

Artigo em 12.12.1980

Há oito anos, por três dias, Nara Leão fez um show no Paiol, onde apresentava um novo compositor-intérprete: um garoto cearense intitulado Raimundo Fagner. Acompanhados por Nana na percussão, Wagner Tiso nos teclados, Novelli no baixo, Chico Bateria na bateria. Por incrível que pareça, o espetáculo teve reduzido público e o empresário Benil Santos amargou altos prejuízos. Imagine-se o custo de um show reunindo nomes como [estes] hoje, quando todos estão consagrados. Ao que conste, Fagner nunca mais voltou a Curitiba e nestes 8 anos passou por 3 gravadoras (Philips, Continental e WEA) até se fixar na CBS, onde não só é hoje um dos principais contratados como uma espécie de diretor artístico: nos últimos 2 anos, por ali lançou os chamados "Cearenses Bem Sucedidos" - um grupo de compositores, instrumentistas, cantores nordestinos que estão ocupando um espaço definido no panorama musical. Radical e até briguento - é um dos poucos a dizer as verdades sobre Caetano Veloso e caterva, tendo feito algumas temporadas no Exterior e merecido elogios até do "Le Monde", Fagner é um artista amadurecido. Com a inclusão de sua música como prefixo-título de uma novela das 8 (Coração Alado"), seu novo elepê, lançado há um mês, tem chances de vender mais de um milhão de discos. Fagner necessita ser ouvido várias vezes. Como seu companheiro de geração, Belchior (de quem a WEA lança agora novo elepê, por sinal), sua voz não é facilmente aceitável a primeira vez. Mas, em compensação, ele tem o senso de escolher bons autores, sabendo dividir as faixas com pessoal de talento. Bastaria o fato de Fagner ter dado ao grande trovador popular Patativa de Assaré a chance de aparecer com um elepê, para já merecer nosso respeito. E neste novo elepê, Fagner grava uma belíssima música de Patativa ("Vaca Estrela e Boi Fubá"), ao lado de composições próprias (ou de amigos de valor - além de uma versão de "OH! My Love" de Lennon/[Yoko] Ono. Um cearense sem fronteiras, briguento mas talentoso, capaz de abri espaços na mesma proporção que bate portas, Fagner é um tipo forte dentro da MPB. Merece ser ouvido com toda atenção!
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
15
12/12/1980

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