O encontro de muitas discussões políticas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de maio de 1986
A conservadora diretoria do SESC assustou-se ao perceber que entre os debates do I Fórum do Cinema Documentário Brasileiro haveriam inflamados tiros políticos e, na última hora, acabou pedindo que as reuniões não fossem realizadas no Teatro da Esquina - onde apenas estão sendo exibidos, em sessões ao meio dia, alguns programas de curta-metragens. Como as salas do Solar do Barão já estavam ocupadas e na Cinemateca do Museu Guido Viaro inicia hoje o I Encontro de Cineclubes da Região Sul, os cineastas de vários Estados que desde segunda-feira encontram-se em Curitiba, passaram a reunirem-se numa das salas do Climax Hotel, onde estão hospedados. Ali, várias horas por dia, jovens documentaristas, a maioria ainda em busca de seu espaço profissional, discutem problemas de produção, financiamento, distribuição e, especialmente as relações com a Embrafilmes [Embrafilme] e o CONCINE.
Hoje, com a chegada de Gustavo Dahl, cineasta ("O Bravo Guerreiro", "Tensão no Rio") e, principalmente, homem do poder cinematográfico - hoje na presidência do CONCINE após ter tentado ser o presidente da Embrafilmes [Embrafilme], os debates deverão adquirir um sentido mais oficial, com Dahl fazendo as colocações em nome do Conselho que dirige. Também quem chega hoje é o jornalista José Carlos Avellar, crítico de cinema e atual diretor de atividades culturais da Embrafilmes [Embrafilme]. Caladão, homem de poucas palavras, mas respeitado como crítico, presença em todos os festivais internacionais de cinema (ainda agora está chegando de Cannes, onde coordenou a representação da Embrafilmes [Embrafilme]) Avellar vai autografar seu novo livro, "Cinema Dilacerado" (Editora Alhambra, 1986), enquanto outra de suas obras, "Imagem e som/e Ação/Imaginação" (Editora Paz e Terra, 192 páginas, Cz$ 52,60), também se encontra na mini-feira de livros e revistas de cinema, instalada no hall do cine Groff.
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Com alguns problemas na chegada dos filmes programados para a grande retrospectiva do documentário no Brasil, as sessões que ocupam os cines Groff e Luz, mais o Teatro da Esquina (somente ao meio dia), oferecem um amplo painel da realidade brasileira através de realizadores de várias tendências (ver filmes em exibição, na página "Almanaque", nesta mesma edição).
Cosme Alves, diretor da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, não virá mais. Um convite para participar de uma reunião em Moçambique o fez, naturalmente, optar pela viagem internacional. Também Guido Araújo, diretor das Jornadas de Cinema da Bahia - cuja 15ª edição (paralela ao 2º concurso de filme e vídeo latino-americano) será realizada em Salvador, de 8 a 15 de setembro - também não pôde vir pela prosaica razão de que não recebeu a passagem aérea. Em compensação, participando dos debates aqui se encontram Bernardo Worobowi, diretor da Fundação Cinemateca Brasileira, em São Paulo e Romeu Grimaldi, diretor da Casa de Cultura Mário Quintana e um dos principais animadores culturais-cinematográficos do Rio Grande do Sul, membro permanente da comissão organizadora do Festival de Gramado.
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