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Aramis

O misticismo na vida da artista

Glauce Rocha morreu em São Paulo, no auge de sua carreira, no dia 12 de outubro de 1971, vítima de enfarte, segundo os médicos, em uma idade (41 anos) em que é difícil acontecer em mulheres. A atriz teria morrido por excesso de trabalho e porque fumava muito. Entretanto, como José Octávio Guizzo revelou em bonita reportagem no "Correio do Estado", de Campo Grande (edição de 13/12/88), "sua morte, no entanto, é cercada do misticismo que a acompanhou desde pequena". Sua mãe - que faleceu também de infarto, nove meses antes - era médium espírita, e sua ligação com as coisas do além, cultivada desde a infância, a fazia consultar periodicamente pessoas ligadas ao meio espiritual. Preocupada com o fato da mãe ter morrido de infarto, Glauce lia tudo a respeito. Certa vez, consultando um médium, esse lhe disse que ela precisa se tratar de uma hérnia hiatal, pois caso isso não fosse feito, iria morrer no prazo máximo de dois anos, o que de fato aconteceu. - "Glauce era ligada ao espiritismo, mas não tomou conhecimento do alerta, assim como não atendeu os pedidos de outros médicos que consultou". Uma dessas consultas foi em Brasília, onde um dos seus cinco irmãos (um deles de criação), Léo, mantinha uma comunidade espírita. Glauce Rocha, na capital federal, consultou um médico-médium de São Paulo, que dizia incorporar o Dr. Fritz. Esse médico teria então constatado "grande carga de energia negativa" na atriz, alertando-a para que retornasse por três vezes ao local para que fosse "desenergizada". Glauce não retornou. No dia de sua morte, a atriz estava na casa de sua irmã Manola, em São Paulo. O telefone tocou e um de seus sobrinhos atendeu. Uma voz, parecendo a de um bêbado, dizia que alguém naquela casa iria morrer. Glauce ignorou e disse que se o telefonema voltasse a se repetir ela iria atender. O telefone voltou a tocar. A atriz atendeu e o mesmo aviso foi repetido. Glauce disse uns palavrões, julgando que se tratava de um trote e desligou. Mais tarde, Glauce sentiu-se mal e telefonou para a TV Tupi avisando que não gravaria as cenas da telenovela "O Hospital", onde interpretava o papel de diretora do estabelecimento de saúde. Dois de seus sobrinhos buscaram socorro e retornaram com dois médicos. Houve uma discussão para ver quem atenderia a atriz, que interpelou os profissionais. O infarto foi diagnosticado. Encaminhada à unidade cardiológica "Esperança", Glauce foi recebida pelo diretor do hospital, Dr. Rogério Duprat, que disse: "É uma honra receber uma colega aqui", referindo-se ao seu papel de diretora do hospital. Ela respondeu que achava que seu estado de saúde deveria ser grave, pois foi impedida de entrar caminhando. Glauce morreu tendo a frustração de nunca ter sido mãe - apesar de três casamentos. Por ironia, morreu no Dia da Criança no Hospital Esperança. Outra coincidência constatada por Guizzo em suas pesquisas: meses antes de sua morte, Glauce havia conversado com sua irmã de criação, Libertá, então grávida, que prometeu dar o nome da atriz na criança, se fosse mulher, e de Glauco - seu irmão mais velho - se fosse homem. Glauce não viu a sobrinha. Mas ela nasceu no dia 16 de agosto - mesmo dia em que a atriz comemoraria seus 42 anos. LEGENDA FOTO - Glauce e Rubens de Falco, em Curitiba, um ano antes de sua morte.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
6
25/12/1988

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