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Aramis

O pacote com os clássicos da fase de ouro da Warner

Sem dúvida o empresário Henrique Sverner, presidente da organização Breno Rossi, é mais do que um comerciante bem sucedido. Pertencente a uma família de artistas (sua irmã, a pianista Clara Sverner, é uma de nossas grandes recitalistas, com vários elepês já gravados), Henrique vem há anos possibilitando que gravadoras de grande acervo, como a CBS, Polygram e EMI/Odeon (entre outras) façam edições de coleções classe "A", que normalmente não chegariam as lojas do Brasil. Jazz, clássicos, óperas e mesmo trilhas sonoras (chegou até a fazer uma experiência com sound tracks de espetáculos da Broadway, via RCA), tem saído em tiragens patrocinadas pela Breno Rossi, que detém a exclusividade das edições por um semestre, liberando depois a venda para as outras lojas. Olhos postos no mercado, Sverner sentiu também as possibilidades do vídeo e associou-se a Warner para a edição de produções classe "A", que independente da vendagem no circuito das locadoras, chega também ao consumidor, diretamente, em suas lojas (preços variando de NCz$ 200,00 a NCz$ 300,00 no caso das fitas duplas). O último pacote Warner-Breno Rossi é uma delícia, com filmes que há muito deveriam já ter chegado ao circuito. Temos, por exemplo, a edição original de "Nasce uma Estrela" (A Star is Born), 1954, de George Cukor (1899-1983), mutilada em seu lançamento devido a burrice dos tycoons da Warner, que exigiram o corte de mais de 20 minutos. Restaurada agora, este clássico com Judy Garland, James Mason, Jack Carson e Charles Bickford, com canções de Harold Harlen e Ira Gershwin, na metragem original, pode ser degustada como um fino pitéu. Superprodução que chegou a ganhar um Oscar (1956) e inaugurou o sistema Todd-Ao, "A Volta ao Mundo em 80 Dias", inspirado no romance de Jules Verne, é um filme que a propósito da odisséia de Phileas Fogg (David Niven), acompanhado de seu mordomo Passpourt (Cantinflas), em provar ser possível, no final do século passado, dar a volta ao mundo em 80 dias, possibilita que uma legião de artistas all star participe em pontas pequenas. Além de melhor filme, ganhou os Oscars de roteiro adaptado, fotografia, edição e trilha sonora (Victor Young), o que o faz um filme de público seguro hoje, na telinha, como aconteceu, há 33 anos passados. Aliás, foi este filme que, em 1959, inaugurou o Cine São João - então uma casa luxuosa, de público classe "A". Outro clássico que a Warner/Breno Rossi coloca em vídeo é "Assim Caminha a Humanidade" (Giant), 1955, de Georges Stevens (1904-1974), com Rock Hudson, James Dean, Mercedez McCambridge, Sal Mineo (todos já falecidos) e Elizabeth Taylor, no auge de sua beleza. Um filme que, por sua importância, tem que merecer um comentário a parte. Rodado em preto e branco, num exercício de terror inteligente, "O Que Terá Acontecido a Baby Jane?" (1963, de Robert Aldrich), trouxe Joan Crawford e Bette Davis em interpretações antológicas. Ao longo de 133 minutos, um suspense inteligente, com inesquecível trilha de Frank de Vol. Outro lançamento classe "A" da Warner/Breno Rossi. Finalmente, o melhor do pacote: "Rastros de Ódio" (The Searches, 1956), de John Ford (1895-1973) - para muitos críticos internacionais, o seu melhor western. Obra prima com John e Wayney, Jeffrey Hunter e Natalie Wood (já falecidos), este é outro filme que, por sua importância, não pode ser reduzido apenas a um breve registro. Fica, entretanto, aqui a recomendação: entre todos os lançamentos deste pacote da Warner/Breno Rossi, é o que merece primazia. E a qualidade vai continuar, ao que promete Sverner: em novembro sairá "Moby Dick", com Gregory Peck e Orson Welles. Afinal, a vida inteligente chega entre os homens que decidem as edições do melhor do cinema em vídeo!
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
8
21/09/1989

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