O pensamento vivo do mestre Rubens
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de outubro de 1990
Filho de alemães e suíços, poliglota, engenheiro há 42 anos e por 31 anos professor dos cursos de engenharia e arquitetura da Universidade Federal do Paraná, Rubens Meister é um profissional independente, sem papas na língua e que, com a dignidade que uma carreira brilhante lhe concede pode externar opiniões seguras sobre a profissão, o ensino e as falhas que vê na formação do arquiteto.
Por exemplo, sem temor de ser classificado de machista, Meister preocupa-se com a feminilização do curso de arquitetura, cada vez com maior número de mulheres e das quais, infelizmente, "poucas seguirão uma profissão difícil, com mercado de trabalho reduzindo-se".
A preocupação amplia-se no caso do curso de desenho industrial, a propósito da qual, como integrante do Conselho de Educação, Meister opinou, há alguns anos que só deveria ser criado a nível de mestrado, de altíssimo nível. Atualmente, vê a formação de dezenas de designers - o termo o irrita, aliás - como apenas mais uma forma de jogar no mercado jovens de formação que acabam trabalhando como desenhistas, longe de sua formação.
Ao observar o índice de 67% de reprovação no vestibular de arquitetura, Meister também elaborou um incisivo relatório criticando a ênfase que se dá ao aspecto de "criatividade" e a exigência de "pendores artísticos" nos exames de seleção, quando o fundamental é uma formação técnica - inclusive porque o curso de arquitetura exige maior rigidez. Homem prático, capaz de ver o funcional em obras que, muitas vezes, se perdem apenas pelo lado estético, Meister tem um claro raciocínio:
- "O Brasil é ainda um país pobre, que exige projetos que economizem material, busquem soluções objetivas - longe de dispêndios inúteis e com resultados práticos e eficientes".
Mesmo afastado da Universidade, Meister é crítico em relação ao vestibular na área de arquitetura:
- "O exame não pode ter como eliminatória a formação artística. Da forma como é feito talvez até Le Corbusier, se fosse prestar exame na Universidade, seria reprovado".
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