Observatório
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de agosto de 1980
OS que se dedicam ao cinema no Paraná estão sendo convidados sem mordomias a participar do I Encontro de Cinema Brasileiro Independente, programado de 26 de outubro a 1o de novembro, em Belo Horizonte, numa soma de esforços de várias entidades. Apesar do cinema ocupar o papel especial, o coordenador Sylvio Lanna está querendo tambe'm a presença de outros produtores independentes na área do disco, livro, imprensa e até televisão, rádio, alimentação medicina, advocacia, etc. Há mais de um ano, quando Marcelo Marchioro dirigia o Museu da Imagem e do Som da Secretaria da Cultura, ali foi realizado o I Encontro da Produção Cultural Alternativa - MPB, que reuniu os produtores de discos alternativos. Hoje a fórmula do disco independente se desenvolveu enormemente: depois que o Boca Livre conseguiu vender 60 mil cópias garantindo a cada um dos integrantes do quarteto, mais de Cr$ 1 milhão, dezenas de interpretes, compositores e mesmo grupos instrumentais (como o Tamba Trio) passaram a fazer suas próprias produções. Para catalogar a produção alternativa, a Fundação Rio criou um setor especial. Sylvio Lanna, coordenador do I Encontro de Cinema Brasileiro Independente, propôs como temas centrais da reunião, itens: 1. Cinema: a política oficial e a proposta independente; 2. O circuíto de exibição independente: a formação de um novo público; 3. O filme virgem nacional e a infra-estrutura da indústria; 4. O cooperativismo na produção e distribuição; 5. A televisão por cabo. Mas deseja outra sugestões e até o dia 26 de setembro as estará aceitando. Os interessados podem escrever para rua Guaitazes, 103, sala 1.803, 30.000, Belo Horizonte, Minas Gerais.
Xxx
É importante ver letras da música popular algo mais do que a simples proposta artística ou (na maioria das vezes) comercial. No cancioneiro popular se reflete muito da sociedade, dos costumes, comportamento e modismos. O Carnaval, por exemplo, oferece musicalmente condições de sentir-se toda uma evolução (ou involução) cultural-social, pelas letras dos sambas e marchinhas, que até os anos 60, refletiam os fatos do momento.
Agora, uma nova cantora, Tibet, vinda de grupos de rock, estreando em seu elepê da RCA, traduz nas letras que interpreta o universo do liberalismo jovem, da quebra de preconceitos. Uma das letras mais significativas é "Cuba Libre", de Luiz Carline (também guitarrista) e Simbas, que tem um toque de nostalgia dos anos 50, ao lembrar um velho amigo: "Eu não me esqueço daquele tempo/Blusão de couro, cabelo ao vento/Ao som do disco de Neil Sedaka/E aquele poster do James Dean". A repressão sexual-familiar é mencionada na estrofe seguinte:
"Saia justa era pecado
E um cigarro nem pensar
Meu pai sempre atrás da porta
Espiando a gente se esfregar
Bailinho aos sábados, até as quatro
A gente pintava o sete
A cuba libre rolava solta
E a turma toda ficava louca."
Mas na última parte, Tibet dá o recado liberado,
numa letra que, até há dois anos, dificilmente passaria pela Censura:
"Mas, agora tá tudo mudado
E o cigarro tá quase liberado
Um sarro em casa ainda tem seus limites
Mas no motel não tem meu pai pra dá palpite".
Xxx
A Volvo do Brasil - Motores e Veículos S?A está conseguindo ter uma boa presença nacional, através de um eficiente serviço de relações públicas e imprensa, devido, em grande parte, à competência de J. Pedro Correa. Agora, de 2 a 10 de setembro, na II Feira Nacional da Construção Pesada e Mineração, no Anhembi, a Volvo estará com seu caminhão produzido inteiramente na indústria da Cidade Industrial de Curitiba. A propósito, o governo da Indonésia encomendou à Volvo, ônibus de dois andares, no valor de Cr$ 705.485.000,00. Mas essa encomenda será atendida pela Volvo da Inglaterra. Os ônibus da Volvo, de dois andares, são de 170 assentos e vêm sendo produzidos, na Inglaterra, há 5 anos.
Enviar novo comentário