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Aramis

Oficialmente, até agora politicagem e badalação

Transcorrido mais de um ano de existência oficial da comissão que, oficialmente, deveria desenvolver um sério trabalho de coordenação e aglutinamento de pessoas e instituições para as comemorações que devem marcar os 300 anos de Curitiba, os resultados têm sido dos mais lamentáveis. A idéia - pomposamente divulgada como "grande" realização - de, a cada dia 29 ser "Iniciado" um novo projeto comemorativo - está tão desmoralizado pela sucessão de fracassos e erros, que até o prefeito Jaime Lerner, vem procurando não se comprometer com o que tem sido anunciado, contra sua vontade, pela presidência da Comissão. A partir da escolha apressada e improvisada do símbolo dos 300 anos, num concurso (sic) feito sem qualquer cuidado e limitadíssimo em seus concorrentes, os escândalos pipocaram. O símbolo vencedor - dos mais discutíveis como obra de comunicação, apresentando sérios problemas de identificação e principalmente para sua reprodução em todo o material produzido alusivo a data, teve sua originalidade contestada. Baseado em uma capa da revista "Designer & Interiores", editada em São Paulo e representativa publicação da área do designer, o independente jornalista Luiz Geraldo Mazza denunciou em suas colunas que o artista Marcos Bento, vencedor do concurso, não teria sido original em sua formulação gráfica. Da comissão julgadora - na qual estiveram soçalaites, curiosos e pessoas que não tem a menor qualificação profissional na área da comunicação gráfica - foram omitidos pelo menos dois dos mais sérios e competentes designers profissionais do Paraná - os professores Manoel Coelho e Ivens Jesus Fontoura. Ambos são pioneiros do desenho industrial e designer, com curricula notáveis mas que não fizeram parte da imensa comissão que numa tarde de muito oba-oba, escolheu (sic) o trabalho "vencedor". xxx Plágio aconteceu até no lançamento do projeto "Pegadas da História" na qual apropriando-se de uma sugestão trazida da Alemanha pelo economista Orcy Stuhn, o presidente da Comissão procurou capitalizar como sua esta "iniciativa" - também desenvolvida de forma errada, irritando ao prefeito Jaime Lerner, e ao presidente do IPPUC, Cássio Taniguchi. Felizmente, as "pegadas" em vermelho, pintadas nas calçadas, já estão apagadas e não serão refeitas por determinação de Lerner. Edição de alguns livros-de-arte - caríssimos -, patrocinados por empresas particulares, a escolha do "Perfume de Curitiba", lançamento de uma marca de champagne com o símbolo dos 300 anos, são outras "iniciativas" do presidente da comissão que, até agora, só fez aquilo que se chama, com razão de "perfumaria". De fato, sério, nada ainda aconteceu. xxx Para evitar que os 300 anos de Curitiba transcorram apenas em clima de politicagem e eventos sociais da classe "a", sem a participação da comunidade - através de suas instituições representativas - a idéia ganha corpo a cada dia. Em 1943, os festejos dos 250 anos de Curitiba tiveram grandes comemorações - inclusive uma feira nacional de indústria e comércio, com pavilhões instalados no grande espaço que hoje é a praça Rui Barbosa. Uma sugestão de se pensar em algo semelhante - já levada à comissão, através do IPPUC, foi, a exemplo de outras boas idéias, ignorada pelo presidente (sic) que só pensa na utilização promocional-política do cargo que ganhou do prefeito Lerner.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
24/01/1992

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