Operação França traz missão para renovar cinematografia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de dezembro de 1990
A Operação França para fazer com que o melhor da produção não só daquele país mas de outros pontos do mundo em que se faz bom cinema volte a ser vista no Brasil, deslanchada há uma semana no Rio de Janeiro incluiu duas mostras com um total de 40 filmes. Numa delas, retrospectiva, estão sendo exibidos no Rio de Janeiro e São Paulo (Curitiba, como outras capitais, ficará para uma segunda etapa) 16 títulos, entre alguns já distribuídos comercialmente e vários inéditos comercialmente. A outra, absolutamente up to date, inclui os primeiros 24 filmes com distribuição da Belas Artes Cinematográfica, que coordena este projeto "para retomar o lugar de destaque que o cinema francês já teve no Brasil", como diz Jean Gabriel Albicoco, que frente a Gaummont - até a venda daquela distribuidora ao mineiro Wilton Figueiredo, dono de 80 salas e da distribuidora Alvorada - chegou a ter um bom circuito.
No Rio de Janeiro, a retrospectiva dos anos 80 distribuiu-se entre o Centro Cultural Cândido Mendes e a Cinemateca - enquanto os filmes inéditos foram apresentados no Fashion Mail II, em São Conrado. Em São Paulo, onde a Belas Artes Cinematográfica tem a infra-estrutura das seis salas construídas pela antiga Gaummont (e hoje da Alvorada) os filmes estão tendo exibição em diferentes opções de horários a partir de sexta-feira - estendendo-se até as vésperas do Natal. Depois, "Nikita", de Luc Bresson ("Subway", "Imensidão Azul"), entra em programação normal, "com maiores possibilidades de fazer boa carreira", diz o experiente Jaime Tavares. Por isto mesmo, "Nikita" - prestigiado com a presença de dois de seus intérpretes - a bela Anne Parillaud e o marcante Tchaky Karyo (que passou alguns meses no Rio, atuando em "A Grande Arte", longa de estréia de Walter Salles Jr., em fase de finalização) - vieram ao Brasil. Também vieram Michael Deville e a atriz Miou-Miou, do filme "Uma Leitora Bem Particular", outra produção com amplas condições de fazer grande carreira comercial - e que obteve os maiores elogios da crítica européia. Se Michel Deville, 59 anos, diretor de "Uma Leitora...", um tipo quase albino, tão gentil quanto sua aparência de fragilidade, é relativamente conhecido, pois em 30 anos de carreira fez filmes como "A Mentirosa", com Marina Vlady, "Benjamin - O Despertar de um Jovem Inocente" e "Perigo no Coração", os outros dois diretores que se encontram no Brasil são de uma nova geração: Jean Claude Brisseau, diretor de "A Boda Branda" e Patrice Leconte, com dois filmes no pacote inicial: o excelente "Um Homem meio Esquisito" e "O Marido da Cabeleireira". Já o ator Hyppolyte Girardot, também no Brasil, está no elenco de "Um Mundo sem Piedade", que não foi incluído nas primeiras exibições porque a titulagem da cópia atrasou.
Daniel Toscan Du Plantier, ex-diretor da Gaummont, é hoje um dos executivos da Unifrance Internacional, e também um dos produtores de "A Boêmia de Puccini", uma excelente versão cinematográfica da ópera realizada pelo italiano Luigi Comencini, com a soprano Barbara Hendricks - e que vai deliciar os que curtem o bel canto.
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