E a orquestra de Blumenau já está profissionalizada
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de janeiro de 1987
Graças ao patrocínio da BASF - que aplicará mais de Cz$ 2,5 milhões em sua manutenção - a Orquestra de Câmara de Blumenau profissionaliza-se totalmente este ano, 6 após ter sido fundada. Assim, pagando salários acima dos Cz$ 12 mil aos seus integrantes, a OCB passa a ter os melhores músicos da região Sul, em dedicação prioritária. Assim, os seus integrantes terão que atender basicamente ao calendário da orquestra de Blumenau, só podendo participar de outros conjuntos em dias e horas que não conflitem com ensaios e concertos.
Como aqui prevíamos, há algumas semanas, a profissionalização - e os bons salários oferecidos pela Orquestra de Câmara de Blumenau - esvaziaram a Camerata Antíqua e a Orquestra Sinfônica do Paraná de alguns de seus melhores integrantes.
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As violonistas Simone Savytzky e Ruth Jucksch, os violoncelistas Adrine Savytzky, Péricles Gomes, Nelly Péricas e Thomas Jucksch, o contrabaixista Hélio Brandão, todos de Curitiba, entre outros, já optaram pela segurança e, especialmente, prestígio artístico da Orquestra de Blumenau.
Somente neste ano, a Orquestra fará mais três elepês - elevando para oito álbuns a sua discografia, um recorde entre as orquestras brasileiras. Depois deles terão patrocínio da BASF, com a participação do hoje internacional violoncelista Antônio Menezes e incluindo uma obra inédita de Guerra Peixe, já encomendada ao famoso maestro e compositor. Outra gravação terá patrocínio da Artex - indústria de Blumenau que, praticamente, vinha sendo o grande sustentáculo da Orquestra. No repertório deste álbum, exclusivamente peças de Heitor Villa-Lobos, associando-se assim a orquestra às comemorações do centenário de nascimento do mais importante dos compositores brasileiros.
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Mostrando a organização que caracteriza a Orquestra de Câmara de Blumenau, seu calendário para o primeiro semestre já está praticamente preenchido. No dia 17 de março, o concerto de abertura da temporada, seguindo-se dois dias depois, apresentação no Teatro Maksoud, em São Paulo, com patrocínio da Bosch - empresa, aliás, que financiou um dos discos gravados pela OCB em 1986.
Em abril, concertos em Curitiba (dia 7), Joinville (9) e Blumenau (10) - além das gravações para o disco patrocinado pela Artex, e que terá como solista uma soprano internacional. Em maio, novos concertos em Blumenau (com o programa Villa-Lobos, do disco recém-gravado), São Paulo e Rio de Janeiro (na Casa Rui Barbosa e Sala Cecília Meireles). No final de maio, apresentações em Manaus, Salvador e, possivelmente, outras capitais do Nordeste.
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Fundada em 1981, graças ao entusiasmo do empresário Dieter Hering, da Artex, e mais um grupo de blumenauenses apaixonados pela boa música, a Orquestra de Câmara conseguiu, graças à competência de seu regente, Norton Morozowicz, se estabilizar em pouco tempo - ao ponto de hoje ser procurada por grandes empresas interessadas em patrocinarem discos e concertos. A BASF será grande mantenedora da orquestra, mas isto não impede que faça apresentações com aval de outros grupos empresariais, beneficiando-se, assim, da lei Sarney. Um exemplo do trabalho e valorização artística que a faz, naturalmente, atrair os melhores músicos - e que, agora, na opção dos jovens (e mal remunerados) integrantes da Camerata Antíqua e da OSINPA, terem preferido a solidez da OCB, para o seu trabalho prioritário.
Dieter Hering continua na presidência do conselho consultivo da Orquestra, mas foram criadas quatro vice-presidências, ocupadas por personalidades que, neste período tem dado sólidas contribuições ao conjunto: Hilda Schutzer, Paulo Gouvêa da Costa, Gabriele Leib e Ricardo Botelho.
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