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Aramis

Os espelhos líricos da suave Jacqueline

No ano passado, quando Jacqueline Andréa Glaser lançou seu primeiro livro ("Encantamentos", Editora Lítero Técnica), aqui escrevíamos: "Entre tantas mulheres que buscam a poesia, Jacqueline tem o vigor da juventude e a saudável inquietação de buscar respostas a tantas questões. Se da multiplicidade de suas indagações resulta uma poesia desigual, há a sinceridade, a espontaneidade e o idealismo - méritos que fazem este seu livro de estréia destacar-se entre publicações de (ditas) poetisas que pouco têm a acrescentar". Agora, mais amadurecida, Jacqueline traz um novo feixe de sensibilidade colocada em forma de letras num livro que mereceu simpática apresentação de nossa poeta maior, Helena Kolody, a quem, com toda razão, a obra é dedicada com um poema de abertura: "A Helena Kolody / que quando O mundo me tapava / de coisas reais / e feias Me disse: "Sonho sempre e alto..." Era tudo / de que eu precisava E só ela, poeticamente, viu". Pessoalmente, dizemos a propósito deste seu novo livro, em palavras também incluídas como modesta apresentação. No desafio da folha em branco, Jacqueline Andréa faz o seu caminho. Cada letra, como uma pedra, forma uma ponte de entendimentos, paz e sobretudo, reflexões em torno das coisas da vida. Na própria juventude, estampa, entretanto, uma (precoce) maturidade, capaz de propor palavras-idéias, frases-pensamentos que ficam na retina do leitor de maior sensibilidade. Não um simples jogo de palavras - embora jogando muito bem com os seus efeitos - Jacqueline traz em sua linguagem minimalista uma comunicação enxuta, branca e inédita. "Desde o parto Parto Repartida Para a partida". Em sua generosidade jovem, de quem aprendeu a ver o mundo com olhos de amanhã. "O cinza Virou cinza. Depois que queimou O que era De outra cor". xxx Helena Kolody, poeta maior, diz com sua sabedoria lírica após a leitura dos textos de Jacqueline: - "Há em seus versos um desejo intenso de expandir-se em múltiplas direções (derramar-se com as ondas do mar) e impregnar com seu impulso vital os seteres em torno. Sua alma de artista vibra no fervor de realizar-se, de libertar suas energias, para depois repousar, serenamente, na feliz plenitude do ser". Diz mais Helena: - "Em certos momentos, aflora o prazer de jogar que existe na arte. Por exemplo, "Tempo" é um pingue-pongue de palavras. Debruçada sobre si mesma, no anseio de conhecer-se, Jacqueline analisará Jacqueline no espelho dos versos". LEGENDA FOTO - Jacqueline Andréa, autografando amanhã na galeria de arte do Banestado, seu segundo livro de poesias: "Espelhos".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
12/03/1991

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