Os nossos matemáticos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de janeiro de 1977
Alguns professores curitibanos foram mencionados pelo jornalista Leônidas Hegenberg, num profundo estudo sobre os pesquisadores no campo da lógica e da filosofia da ciência, no Brasil, nos últimos 10 anos, que ocupa várias páginas do "Suplemento Cultural" d' "O Estado de São Paulo" publicado há algumas semanas. Depois de lembrar que no Brasil faltam contatos com os estudiosos de filosofia contemporânea de outros países ou com as publicações recentes (que, geralmente, chegam com atraso considerável), Hegenberg salienta também a falta de maior diálogo direto com os muitos centros de filosofia do País, o que, evidentemente, limitou a sua pesquisa.
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Entre os iniciadores dos estudos de lógica matemática no Brasil, Hegenberg lembra "um importante grupo de estudiosos de matemática que foi organizado por Newton Costa e ainda hoje produz intensamente - com atuação que já atinge níveis internacionais". Newton Costa, curitibano, 48 anos, doutourou-se em Matemática pela Universidade do Paraná em 1961. Depois de lecionar por um curto período na Universidade de Campinas, passou a integrar o Instituto de Matemática e Estatística da Universidade da Califórnia (1972-73) e da Universidade de San Martin, no Peru (1975). Embora iniciasse seus estudos de lógica no Paraná, com Milton Carneiro e Remy Freire e, depois, em São Paulo, com Edison Farah; tais projetos se processaram, de maneira mais regular, com Marcel Guillaume (professor de Clermont Ferrand), enquanto este permaneceu em Curitiba.
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Remy Freire, português anti-salazarista, foi praticamente o introdutor dos estudos-estatísticos no Paraná. Hoje, contratado da FAO-ONU, está no exterior. Em cooperação estreita com Remy e alguns outros colaboradores, Newton Costa publicou cerca de 70 trabalhos. A sua tese (1963) trata de "Sistemas Formais Inconscientes". Em sua obra, destaca-se o esforço no sentido de caracterizar a matemática em termos globais, em linhas pragmáticas - na acepção que esse termo adquire nos modernos estudos da semiótica.
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Outro nome importante dos estudos da matemática no Brasil é da catarinense Ayda Ignez Arruda, 41 anos, que doutorou-se em matemática na Universidade do Paraná em 1966 e aqui substituiu o professor Newton Costa quando, em 1960, este se transferiu para São Paulo. Ayda radicou-se, a partir de 1968, na Universidade de Campinas, onde tem-se dedicado à lógica e à teoria dos conjuntos. Sua tese, "Considerações sobre os sistemas formais NF (n)" (1964), apresentada na UFP, é o único livro que publicou.
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