A Playboy reprovou nossa Universidade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 31 de março de 1988
Do alto de sua magnitude como reitor da Universidade Federal do Paraná, o simpático e cordial professor Riad Salamuni não deu muita importância aos resultados que o 6º ranking Playboy das universidades brasileiras trouxeram no ano passado. Salamuni, como muitos outros professores da UFPR, não "conferiram" maior credibilidade a pesquisa que a equipe da Playboy vem realizando há sete anos para indicar os melhores cursos de graduação e pós-graduação no Brasil.
Independente da posição acadêmica oficial não só do reitor da Universidade Federal do Paraná, mas também de outros dirigentes de nosso ensino superior, o fato é que a julgar pela pesquisa o ensino superior do Paraná está cada vez pior. Basta dizer que dos dois grandes publicados, o Paraná só obteve 11 citações entre 340 cursos de graduação e 2 entre os 189 de pós-graduação. Ou seja, um percentual ridículo e insignificante.
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No imenso quadro de cursos de graduação que abrangeu um universo de 340 cursos existentes no País, só entraram os cursos de Engenharia Química da Universidade Estadual de Maringá (4º lugar, melhor classificado); o de Arquitetura e Urbanismo da UFPR (7º), o de Educação Física na Universidade de Londrina (8º lugar); de Engenharia Civil da UFPR (8º), o de Estatística da UFPR 99º); o de Biologia da UFPR (10º); e de Educação Física da UFPR (10º); o de História (8º); o de Relações Públicas da Universidade Estadual de Londrina (8º); o de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (9º) e o de Publicidade e Propaganda da UE-Londrina (10º).
Na área dos cursos de pós-graduação entre 189, só salvaram-se os cursos de Engenharia Florestal (2º lugar, abaixo do da Universidade Federal de Viçosa) e o de História (4º lugar).
O curso de pós-graduação de História, frise-se, vem tendo bom destaque todos os anos - e é considerado um dos centros de excelência de ensino superior no Paraná. Palmas às professoras Cecília Westphalen e Altina Pilatti que o criaram e implantaram.
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Como é feita a pesquisa da "Palyboy" para este ranking anual?
Os jornalistas Ricardo Castilho e Cynthia de Almeida, explicam: "Num trabalho de mais de 10 meses, enviamos 15 mil questionários a professores universitários de todo o País, pedindo que relacionassem - com base em sua experiência na própria área e em contatos com outros acadêmicos em cursos e congressos - os dez melhores cursos de graduação e os cinco de pós-graduação. Para complementar os dados obtidos com essa ampla consulta, analisamos paralelamente, dados e relatórios de órgãos ligados ao ensino superior, como Capes, CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) e Secretaria de Educação Superior do MEC, computando conceitos de avaliação e quantidade de recursos liberados à pesquisa. Entrevistamos também autoridades em educação e avaliamos o número de bolsas de financiamento à pesquisa concedido às escolas - só este anos, CAPES e CNPq forneceram 22 mil - e os trabalhos e projetos científicos, em nível de pós-graduação, desenvolvidos por elas".
Será que o método é satisfatório? Os ilustres professores da UFPR, Universidade Católica do Paraná (que, aliás não teve uma única citação no ranking) e demais escolas superiores do Paraná podem se manifestar, se desejarem.
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Para mapear os dados recolhidos - e atendendo a pedidos de profissionais, professores e diretores de faculdades, o número de cursos pesquisados foram ampliados de 27 (1987) para 34, desdobrando Comunicações em suas áreas de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, e Relações Públicas, e incluindo Ciências e Computação, Engenharia Florestal, Estatística, Filosofia e Geografia.
Mais uma vez, a Universidade de São Paulo dá um banho! Dos 58 cursos pesquisados (graduação e pós), a USP arrebatou a primeira posição em 41 deles. Nos cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo, Direito, Economia, Educação Física, Farmácia, Física, Matemática, Odontologia, Psicologia e Química, a USP se mantém campeã invicta nestes últimos sete anos.
Outras instituições também são recordistas no primeiro lugar, como é o caso da imbatível Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.
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Este ano a Universidade de Campinas ficou com o maior índice de candidatos por vaga oferecido - 19,0 contra 13,7 da USP e 12,4 da Universidade Federal do Paraná. Números elevados se comparados com os 6,6 da Federal do Rio de Janeiro, por exemplo.
Houve surpresas, evidentemente. Por exemplo, o curso de Relações Públicas da Universidade Estadual de Londrina ter sido considerado o oitavo melhor do Brasil - abaixo da USP, Metodista São Bernardo, PUC-Campinas, PUC-RS, Casper Líbero (SP), CEUB-Brasília e UFRJ, mas acima da FAAP-SP e Unisinos (São Leopoldo, RS).
Uma Universidade (ou mesmo escola superior isolada) pode ser pequena e ter bom desempenho. Escolas pequenas como Viçosa, Itajubá e Esal continuam líderes em suas áreas. Um bom crescimento é o da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, a Unesp, e da Universidade Federal de Uberlândia (MG), esta última em áreas como Medicina Veterinária, Agronomia, Ciências Contábeis, Engenharia Mecânica e Elétrica e, principalmente no curso de Engenharia Química, em que saltou da décima posição para a sexta, este ano.
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Seria interessante que os ilustres professores e magníficos reitores das universidades do Paraná - tão mal classificadas neste vestibular - deixassem a cômoda posição-avestruz e analisassem melhor os resultados, sem desprezá-los simplesmente. Afinal, seria motivo de orgulho se os cursos oferecidos aos jovens no Paraná estivessem com melhor conceito nacional.
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