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Aramis

Paiol renasce. Renasce?

Como de nada adianta investir mais de Cr$ 200 mil na reforma do Teatro do Paiol - calefação, novo teto, melhoria nos camarins e nova aparelhagem de som etc. - sem oferecer bons espetáculos ao público. Lamartine Motta, diretor administrativo e executivo da Fundação Cultural, está no Rio, desde ontem, em busca de uma programação que motive o público a comparecer àquela casa de espetáculos. A reabertura do teatro será em abril, com Zezé Motta, badalada atriz de "Xica da Silva", cantora que fez um elepe junto com Gerson Conrad ( ex-Secos & Molhados) e agora está preparando um novo álbum. xxx Filho de artistas, tendo crescido junto com humildes artistas circenses, percorrendo pequenas cidades do Interior do rio Grande do Sul e Santa catarina, Lamartine é um homem sensível aos espetáculos populares. Foi um dos que mais lutou para que os irmãos Queirolo ganhassem o seu circo - que, em breve, vira para o centro da cidade, funcionando com um novo esquema de atrações. Agora Lamartine está levando a Orlando Miranda, diretor do SNT, sugestões para que sejam beneficiados os raros grupos que se dedicam os "pavilhões" - hoje em processo de desaparecimento. Os pavilhões, que durante décadas se constituíam na principal atração em dezenas de cidades a exemplo dos circos foram sendo esquecidos e marginalizados - com o público se afastando, principalmente devido a televisão e hoje praticamente vivem seus últimos dias. xxx decidido a fazer com que o paiol retorne aos seus dias de sucesso, quando se constituía no principal centro de espetáculos de Curitiba, Lamartine quer motivar a apresentação, naquela casa, de gente de valor, não só da MPB, mas também grupos profissionais. Para agosto, já planeja uma grande produção musical - que, poderá ser inclusive a remontagem de "Funeral Para Um Rei Negro", em homenagem a Palmilor Rodrigues (o bom Lápis), falecido no sábado passado. xxx Falando em Lápis, já no sábado à noite, ele mereceu a primeira homenagem musical. O engenheiro Ubirajara marques, 29 anos, gaúcho de Rio Grande, há um ano em Curitiba, compositor e violinista inspirado, que dividia muitas madrugadas musicais com o bom Lápis, emocionado e triste com a morte do amigo, lhe dedicou um belíssimo samba, cuja letra é a seguinte: Você se foi amigo Se foi para não voltar Seu som está presente Você onde andará? Lápis, meu amigo Me ensinaste a cantar A vida é uma passagem Você agora onde andará?
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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17/02/1978

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