Paranóia frustrada
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de setembro de 1976
Neste ano de gratas surpresas do cinema nacional ("O Rei da Noite" de Hector Babenco, " A Extorsão" de Flávio Tambelini; " Nordeste Repente e Cordel" de Tania Quarensa; " O Mundo em que Getúlio Viveu" de Jorge Ileli; "O Predileto" " O Casamento" de Arnaldo Jabôr) " Paranóia" de Antonio Calmon ( cine São João, 4 sessões) é uma decepção. E, a julgar pelo tema e cuidados de produção , além do elenco encabeçado pelos veteranos Anselmo Duarte e Norma Benguell, era de se esperar um filme ao mínimo razoável. Mesmo admitindo a falta de originalidade do roteiro - claramente calçado em " Horas de Desespero" (The Desperates Hours, 56, de William Wyller) o material que Carlos Heitor Cony ofereceu a Calmon possibilitaria um thriling denso, adulto, vigoroso: quatro marginais invadem a mansão de um milionário e, às ameaça de violências somam-se os próprios problemas familiares.
Bem trabalhado, com interpretações seguras e aprofundando a crise de cada um - marginais e acossados - sem dúvida, se teria um filme de grande significado. Entretanto, Calmon - cuja estréia no longo metragem há seis anos, foi da forma mais hermética e frustrante "O Capitão Bandeira Contra o dr. Moura Brasil" não soube conduzir o filme, que resulta frouxo, desigual monótono e desinteressante. Mesmo uma atriz experiente como Normam Benguell não rende o suficiente e Anselmo Duarte, veterano e experiente que há 3 anos ressurgia em plena forma num marcante personagem de "O Marginal" de Carlos Manga, está inexpressivel. Justo é lembrar que talvez algumas sequências tivessem que ser suprimidas por determinações maiores. Mas, mesmo assim, faltou muito para se conseguir ao menos um resultado razoável.
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