Gauchismo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de setembro de 1976
Um fato digno de merecer longo estudo sociológico começa a ser observado às margens da BR-116, nas imediações do bairro do Pinheirinho: o fortalecimento de uma cultura " gauchesca", traduzida na existência de dois centros de tradições, dezenas de bares e churrascarias com nomes ligados ao Estado do Rio Grande do Sul e, nos fins de semana, bailes com música, trajes típicos e tradição dos pampas.
Além do fato de residirem em Curitiba, em especial naquela zona da cidade, algumas centenas de família gaúchas, o tráfego de motoristas do Rio Grande do Sul, que pernoitam nos hotéis e pensões às margens da rodovia, fortalece esta aculturação, no princípio apenas ocasional mas que tende a crescer e solificar-se. Braz Alves, 51 anos, paranaense de Rebouças mas criado em Santo Angelo, RGS, fundou há cinco anos (12/agosto/71) o Centro Paranaense de Tradiçöes General Carneiro, que funciona em sua própria residência, na Rua Pedro Valentim dos Santos, 233. Embora com uma louvável preocupação de valorizar as nossas tradições folclóricas, Braz reconhece que "seria impossível não admitir a influência gaúcha". Assim, um de seus principais auxiliares é Jorge Tavares, 40 anos, gaúcho de Palmeira das Missões, mestre de danças e sanfoneiro, líder inclusive de um grupo musical - Os Balandraus, que é requisitado em todos os fins de semanas para animar os bailes realizados naquele bairro.
Também nas margens da BR-116, funciona o Centro de Tradições Gaúchas 20 de Setembro, presidido pelo Sr. Arthur Gaboardi, com uma ativa programação. São entidades que oferecem ao lado de suas atividades de entretenimentos, um campo para um estudo de profundidade em termos de comportamento e aculturação, campo prático para as centenas de estudantes de ciências sociais da Universidade Federal do Paraná.
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