Ligeirinho, Jaime iria para os EUA, segundo os inimigos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de abril de 1992
Duas notas de 15 linhas, na coluna "Painel", da "folha de são Paulo", edição de sábado, 18/04/1992, trouxeram euforia ao staff do politiqueiro Grecca de Macedo. Sob o título "Marca Registrada", a primeira notícia disse: "A exposição sobre Curitiba nos EUA pode render mais do que prestígio para o Prefeito Jaime Lerner e seu sócio Cassio Taniguchi. Eles patentearam a estação em formato de tubo usada na cidade e que pode ser "exportada".
Mas foi a farpa da segunda nota que alegrou ainda mais os puxa-sacos e especialmente ao politiqueiro-mor do PDT. Sob o título "Sociedade ilimitada", a nota diz: "O sócio de Jaime Lerner no escritório de urbanismo e na patente da estação de ônibus em formato de tubo, Cassio Taniguchi, tem esperanças de estender a sociedade à política. Quer ser candidato a prefeito de Curitiba".
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Funcionário (fantasma), do IPPUC - licenciado, devido seus mandatos, continua pretendendo promoções funcionais para futura aposentadoria - Grecca de Macedo há semanas vem procurando desmoralizar e ofender Cassio Taniguchi, a quem chama de "robot japonês". Sentindo que o prestígio de Cassio, engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica - a melhor escola superior do Brasil, em São José dos Campos, SP, é reconhecidamente o melhor candidato para dar continuidade a obra de Lerner - que o tem como seu mais fiel colaborador há 23 anos - o politiqueiro Grecca vem tentando prejudicar sua imagem, com mentirosas [insinuações] relacionadas a suas ligações com Lerner ou supostos "esquemas de apoio" por parte de empreiteiros. Elegantíssimo e sempre leal a Jaime, Cássio tem suportado as provocações, mas que se aproximam agora do intolerável, revoltando, inclusive, suas colegas, seus amigos e sua família e, especialmente, os que conhecem e admiram a integridade, competência e amor pela cidade do engenheiro-planejador que já presidiu a URBS, a Cidade Industrial e, pela segunda vez, comanda o Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba.
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Jornalistas responsáveis pelas colunas da maior credibilidade da imprensa nacional estão preocupados, na checagem de "notícias" enviadas por "colaboradores" de Curitiba - especialmente quando partem de pessoas ligadas aos diferentes "candidatos". A tentativa de plantar notícias em publicações de grande circulação, utilizando a boa fé dos profissionais do eixo Rio-São Paulo, é uma tática na guerra da contra-informação que politiqueiros desonestos costumam usar para dar dimensão a mentiras, calúnias e maldades - que, repercutindo em outros Estados, possam influir também junto aos círculos de decisão política-partidária no Paraná.
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Ao retornar amanhã a Curitiba, após mais uma viagem a Suíça e a Nova York - onde foi inaugurar a exposição sobre Curitiba no Urban Center e da linha-piloto do Ligeirinho, o prefeito Jaime Lerner ficará ainda mais aborrecido ao saber da última fofoca criada a seu respeito e que era o assunto mais comentado da Boca Maldita nos últimos dias: a de que já estaria tratando de instalar um escritório de planejamento urbano na "Big Apple" e também procurando um bom apartamento em Manhattan, para ali passar ao menos 7 meses por ano a partir de janeiro de 1992. Afinal, com suas conexões cada vez maiores na área internacional, Lerner tem hoje um mercado de trabalho assegurado em termos de dólares. Seu inglês, que era claudicante na primeira administração (quando teve como professora a sra. Beatriz Paciornik) hoje é seguro, assim como de sua esposa Fany, e das filhas Ilana e Andrea, esta, aos 26 anos, há 4 residindo em Nova York - e tão apaixonada pelos EUA, que ali tendo casado, não pensa em retornar a viver em Curitiba.
Devido a estes fatos, o rastilho do boato de que Lerner fará a ponte aérea Curitiba-Nova York com maior intensidade a partir de janeiro, quando deixa a Prefeitura, prosperou rapidamente. Afinal, dois anos separam ainda as eleições para a sucessão de Roberto Requião e mesmo aposentando-se como arquiteto do IPPUC e professor da Universidade Federal do Paraná, Lerner, aos 55 anos, está em pleno apogeu de criatividade. Faturar mais alguns milhões de dólares como arquiteto-consultor ou mesmo em projetos que venha a exigir sua participação direta, não deixa de ser uma atraente opção profissional para ao menos o ano de 1993. Melhor do que disputar uma difícil campanha a prefeito de São Paulo o Rio de Janeiro - ou ser ministro do governo Collor, convites que teve chance de esnobar nos últimos meses.
Lerner quer ser governador do Paraná - embora a mosca azul da vice (ou mesmo) presidência da República já o tenha picado - mas até que chegue a [hora] certa, nada melhor do que viver em Nova York, que, para ele - como diz a seus amigos - "é a melhor cidade do mundo depois de Curitiba".
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A paixão de Lerner por Nova York é tão grande que hoje ele é um dos raros assinantes do "New York Times" em Curitiba. Embora não tenha tempo de ler, diariamente, o volumoso jornal, aos domingos, Jaime reserva pelo menos 2 horas para ficar por dentro do que de mais importante o maior diário americano publica em suas dezenas de cadernos.
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