Novamente circuito da FUCUCU desrespeita os espectadores
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de abril de 1992
Tradicionalmente, os fins de semana - especialmente os domingos - se constituem em datas próprias para quem não dispõe de tempo de segunda a sexta-feira [para], poder assistir aos bons filmes em exibição. Especialmente, quando num feriadão, quem fica em Curitiba tem poucas opções de lazer cultural. Infelizmente, mais uma vez a paquidérmica Fundação Cultural de Curitiba - que custa hoje ao redor de US$ 500 mil por mês aos contribuintes municipais - prejudicou os cinéfilos da cidade.
- "Quando o cinema se torna chapa-branca quem perde é o público" - esbraveja um professor-cinéfilo, domingo à tarde, defronte ao cine Luz, ao ali chegar para assistir "A Glória de Minha Mãe" e encontrar o cinema fechado. No cine Ritz - algumas quadras adiante, também várias pessoas que haviam programado para assistir o interessantíssimo "Mentes Que Brilham", filme de Jodie Foster (Oscar-92) como diretora, também davam com o nariz na porta de vidro da sala. No Groff ("Bugsy") idêntica decepção. Todos os quatro cinemas do circuito da FUCUCU - incluindo o distante (e sempre às moscas) Guarani, no Portão - não funcionaram no domingo à tarde. Desculpa esfarrapada: "descanso dos funcionários pela Páscoa".
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Não foi a primeira vez que, sem comunicar antecipadamente ao público, a "coordenação" (sic) de cinema decidiu suspender as sessões prejudicando o público. Vários espectadores, irritados, devem formalizar, mais uma vez, reclamação oficial ao chefe-de-gabinete da Prefeitura, Gerson Guelmann, que aliás, já por várias vezes, exigiu da parte da Fundação melhor atendimento aos espectadores, especialmente na questão dos longos intervalos entre as sessões - que, aliás, continuam a acontecer (pelo visto, suas ordens estão sendo desrespeitadas).
Ninguém é contra o justo descanso aos bons funcionários dos cinemas da FUCUCU. É justo que eles tenham seus momentos de folga, especialmente em datas maiores. Mas também é injusto para a população - que paga altos impostos para a manutenção dos cinemas - que em horários que normalmente poderiam ser utilizados para o lazer cultural, os cinemas cerrem suas portas -0 sem qualquer aviso prévio aos espectadores.
Também as distribuidoras como a Columbia e a Warner, que cederam filmes de grande potencial de público como "Bugsy" e "Mentes que Brilham" para as salas oficiais, vão questionar a suspensão de nada menos que cinco sessões que possivelmente teriam bom público. Ou seja, querendo fazer média trabalhista, a FUCUCU prejudicou espectadores, distribuidores e mais uma vez ampliou a imagem de incompetência de seus infelizes "programadores" cinematográficos (sic), bem como de sua presidência.
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