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Aramis

Patrícia, suspense & cafezinhos

Um detalhe que escapou da perpicácia dos repórteres que cobriram, na tarde de segunda-feira, o desembarque da sra. Patrícia Feeney, da Anistia Internacional, no aeroporto Afonso Pena, foi uma coincidência que deixou aquela delegada internacional bastante assustada. No exato momento em que descia do avião, algumas dezenas de homens da Polícia Militar formaram um corredor, armados de cassetetes, evitando a aproximação das pessoas que ali se encontravam. Na verdade, a operação fazia do esquema de segurança para proteção dos craques do Selecionado Brasileiro, que também chagavam, mas como a tensão já era grande, foi natural que, ao ser recebida pela professora Neide Azevedo Lima, presidente do Movimento Feminino pela Anistia, no Paraná, Patrícia mostrasse algum nervosismo. *** Nos vários contatos que manteve com autoridade da cidade, a sra. Patrícia Feeney mostrou um razoável conhecimento do português. Mesmo misturando algumas palavras com espanhol, falou o suficiente para que todas compreendessem o significado e sentido de sua missão, sem necessidade de intérpretes. *** Bem recebida em todas as repartições que procurou, Patrícia tomou mais de 30 cafezinhos durante as horas que permaneceu em Curitiba. Se não obteve todas as informações pretentidas, deixou Curitiba, Capital de um Estado que está entre os maiores produtores de café do mundo, tendo sentido pelo menos o gosto da nossa rubiácea. LIVROS DE DEPUTADOS Pouco a pouco os deputados paranaenses estão publicando suas obras. Não se trata, evidentemente, de ensaios ou romances, embora alguns mais intelectuais, como Osvaldo Evangelista de Macedo, prometa há tempos um terrído romance sobre a colonização do Norte do Paraná. A maioria de nossos parlamentares - principalmente os da área federal, ficam mesmo no enfeixamento dos discursos que consideram mais representativos. Ao mesmo tempo que, os publicando pelo Centro de Documentação e Informação, em volumes de capa azul, de 80 a 120 páginas, garantem uma permanência maior de suas orações, também prestam contas aos seus eleitores de que não ficam inertes em Brasília. Ao menos alguns *** Assim, tem saído coletâneas de discursos que vão desde o humor e o pitoresco de Pedro Lauro (já com duas antologias editadas) até os vigorosos discursos de Álvaro Dias, 33 anos, o mais votado parlamentar da história do Paraná, vice0líder do MDB e que deverá repetir, este ano, a mesma vitória de 1974. Um dos mais bem estruturados deputados federais, Álvaro Dias fala sempre firme e alto, na hora certa. Por isso, seus discursos permanecem e, por certo, a leitura deles figurará como fundamental no futuro, quando se escrever a história destes conturbados dias políticos dos anos 70. "A História Pede Passagem" (Centro de Documentação e Informação da Câmara Federal, 114 páginas), é um exemplo da seriedade política de Álvaro Dias, que tem sempre abordado temas cantendentes, da Reforma do Judiciário a extinção de Votos de Legenda, passando pela luta dos estudantes, a cassação de seu colega Alencar Furtado, a Constituinte, o custo de vida, os bóias-frias, o confisco cambial, o leite e dumping, a dívida externa, a corrupção no INPS e a tortura.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
23/03/1978

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