Poluição & ingenuidade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de maio de 1976
Quando o Ministério da Educação e Cultura anuncia a introdução do ensino de Ecologia no segundo grau, em Curitiba, um orgão informativo de dois colégios de ótimo conceito, abriga em seu primeiro número um ingênio artigo em que seu autor, diz coisas como estas: "O homem não é o maior agente poluidor, nem a poluição ocasionada pelo homem é nociva ao meio-ambiente".
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"Big Shot" (o título já é bastante significativo), órgão informativo dos Colégios Esperança e Medianeira, em seu número um que com tiragem de 2500 exemplares, está circulando em aguns círculos, dedica sua terceira página a um artigo do estudante Moacyr Aristeu Molinari Neto, com o título de "Não quebre a cuca com a poluição". Embora creditando, ao final do texto, os dados citados como de uma certa "Comissão de Qualidade do ar dos Estados Unidos", Moacyr tenta, com santa ingenuidade, convencer os jovens leitores dei que a devastação das matas não interfere no oxigênio da atmosfera, pois, em seu raciocínio "o oxigênio do ar é ilimitado"; que o monóxido de carbono, elimando pelos automóveis, não polui a atmosfera e que os inseticidas apresentam mais vantagens que desvantagens.
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Embora demonstre ser um menino sincero na montagem de seu artigo, procurando expor seus pontos de vista, Moacyr Aristeu Milinari Neto não vê o problema em amplidão maior, assumindo uma posição frágil, e facilmente questionável. Seria muito interessante que os admiráveis Mariano Cyganozuk, presidente da sociedade de Proteção a Flora e Fauna ou o geólogo João José Bigarella, presidente da Associação de Defesa e Educação Ambiental, fossem convidados a fazer uma palestra para o jovem Milinari Neto e seus colegas. Afinal, é toda uma juventude que precisa, ao contrário do que diz o articulista no título, de seu trabalho, quebrar a cuca com a poluição. E quebrar significa preocupar-se ter consciência de que mais um pouco e nada restará deste nosso mundo. Para os filhos e netos.
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"Big Shot" é publicado por garotos do colégio Medianeira e meninas do Colégio Esperança. No expediente, há uma inovação: é creditado o nome da "Censura" no caso exercida pelo padre Raimundo.
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