"Quilombo" chega dia 7; Cannes vê amanhã
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de maio de 1984
" Quilombo" de Cacá Diégues a maior esperança do cinema brasileiro já tem data marcada para estrear em Curitiba ( simultaneamente a 20 outras cidades ): 7 de junho. O cinema não está definido, mas uma coisa é certa: esta superprodução de 4 bilhões, representa a grande cartada para a sobrevivencia do cinema nacional neste critico 1984. Por isto, a expectativa por sua recepcão no festival de Cannes ( será exibido amanhã a noite ), onde compete oficialmente, é imensa enquanto as vendas para o mercado internacional iniciaram, começando pelos Estados Unidos.
Em Cannes, conforme onformação especial que chega a nosa coluna, essite-se a briga dos gigantes contra os anões. Até o gerente-geral da Embrafilmes, Roberto Perreiras, trabalha na colagem de cartazes, atendimento a estandes, suprindo a falta de maior equipe, pois, por razões de economia, viajou com apenas 3 assessores: o superintendente do comercio exterior da empresa, Jorge Peregrino e dois funcionários daquele setor. Os brasileiros se hospedaram no Hotel Century, 3 estrelas, modesto, enquanto as delegações americanas, europeias e mesmo de paises como Nova Zelandia, estão no luxuoso Carltom, 5 estrelas, cuja diária é de US$ 350. É um verdadeiro mutirão em favor do cinema brasileiro, com todos os participantes num empenho maior: auxiliar as vendas interncionais dos filmes, como única saida para melhorar a situação critica que nossa cinematografica se encontra.
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" Nunca Fomos Tão Felizes", de Murilo Salles - prêmio de fotografia e roteiro no festival de cinema de Gramado, e também considerado o melhor filme daquela mostra pelo juri da critica, foi exibido, na última quinta-feira, na Quinzena dos Realizadores, mostra paralela a competição oficial que havia sido aberta há uma semana com o elogiado " Memórias do Cárcere", de Nelson Pereira dos Santos. Na sessão de quinta-feira, a principal sala do antigo Palácio do Festival esteve repleta, com espectadores sentados no chão e no final da projeção Murilo Salles foi intensamente acontecido com a maioria das obras apresentadas. Murilo, modestamente, dedicou seu filme ao movimento do Cinema Novo, representando em Cannes por Nelson Santos e Cacá Diegues " por terem dado a nova geração de cineastas brasileros uma identidade cinematográfica".
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Paralelamente a mostra competitivas,proseguem as conversões entre dirigentes de empresa oficiais de cinema, produtores e distribuidores, Roberto Parreira reuniu-se com os representantes dos diferentes segmentos do setor cinematográfico da América latina e ficou acertado, por sugestão da Câmara da Indústria Cinematográfica do México que haverá, em junho, uma ampla reunião na cidade do México em carater de urgência para o exame de uma estratégia comum dos paises latino americanos para enfrentar a crise que afeta a atividade cinematografica. Na reunião serão estudadas formas para abertura do mercado da América Latina para a colocação de suas produções. Ao mesmo tempo, Roberto Pereira iniciou contatos, visando a realização de coproduções cinematograficas entre os paises latino americanos.
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Independente das vendas efetuadas pelas dezenas de produtores independentes - incluindo os que realizam pornoproduções, em São Paulo as vendas dos filmes de Embrafilmes também estão estão tendo boa comercialização: os curtas "Meow", de Marcos Magalhães e "Tribunal Bertha Lutz", de João Batista de Andrade ( ambos já exibidos em Curitiba ) foram negociados com a Holanda "Memórias de Carceres", 200 minutos de projeção, foi vendido para a Suiça e está sendo negociado com a França. " Nunca Fomos Tão Felizes"de Murilo Salles, foi comprado pelos EUA; "Águia na Cabeça", de Paulo Thiago ( programado para breve em Curitiba, foi adquirido pelo Libano, " Quilombo" de Cacá Diegues está sendo comprado pelos EUA e outros paises, inclusive a Australia.
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Os elogios a " Memórias do Carceres", projetado no sábado passado, continuam na imprensa francesa. " Le Figaro " diz que o filme de Nelson Pereira dos Santos ultrapassa " de forma singular o documentário tradicional sobre o universo carcerário". Já " Le Quotidien de Paris " observa que " é o primeiro filme politico que não é irritante nem demagógico e deixa ao espectador e a possibilidade de escolher sua posição".
" Quilombo", será apresentado amanhã à noite, representando o Brasil neste 37º edição do Festival de Cannes. E muitos acreditam que poderá conquistar a Palma de Ouro, prêmio maximo. Mesmo sem ter visto o filme, o distribuidor australiano Richard Waldberg ( que no ano passado adquiriu "Pixote", de Babenco ) comprou seus direitos para aquele Pais.
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Falando em cinema, uma dica: " O Olho Mágico do Amor", da dupla Icaro Martins e José Antonio Garcia, que no festival de Gramado-82, surpreendeu a critica, está ainda hoje em exibição no poeta cine Scala, em programa duplo. Lançado há mais de um ano no saudoso cine Avenida, como pronochanchada, poucos viram " O Olho Mágicos do Amor", que vem em Gramado valeu a bela Carla Camurati, o " Kikito" de melhor atriz coadjuvante. Um filme com aspectos interessantes, que merece ser visto, apesar do cinema em que está sendo reprisado.
LEGENDA FOTO - Claudio Marzo e Roberto Bataglin em " Nunca Fomos Tão Felizes": sucesso em Cannes.
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