Revista do Rádio
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de março de 1977
Pérola de "nho Jeca", apresentado de um programa chamado "A Hora do Pirão", transmitido ao meio dia, na audição de ontem, conclamando a população a prestigiar uma festa de igreja no distrito de Juruqui: - "Convidamos a presença do pessoal para comparecer...".
O grupo Real teve que adiar em mais de um mês a inauguração da Rádio Transamérica que, finalmente, dia 22 passa a ser ouvida em todos os aparelhos FM. Inteiramente automática, a rádio empregará apenas 3 técnicos, pois toda a programação - inclusive noticiários, virá de São Paulo. Ou seja: não abre nenhum emprego para os profissionais paranaenses. Em compensação, publicitariamente, começa com todos os seus horários preenchidos.
Já a rádio Ouro Verde, que conseguiu um canal de FM, vai ter uma programação inteiramente produzida em Curitiba, com músicas e audições dirigidas a um público específico.
Paulo Tapajós, 64 anos, durante 36 anos (1938-1974), um dos mais eficientes executivos da rádio Nacional, após seis meses de pesquisa junto a milhares de gravações em acetatos com a programação da PRE-8, montou o álbum duplo "40 Anos de Rádio Nacional", editado pela Phonogram há 3 semanas. A intenção era lançar o disco em 12 de setembro do ano passado, quando a Nacional completou seus 40 anos, mas motivos técnicos levaram a gravadora a retardar a edição. Com prefixos e vinhetas dos programas mais famosos da Rádio Nacional, trechos de músicas, programas humorísticos (PRK-30, Jararaca & Ratinho, Edifício Balança Mas Não Cai, Piadas do Manduca), programas de auditório e Repórter Esso, o álbum se constitui em precioso documentário da rádio que, em seu período áureo (1945/ 56) era o maior veículo de comunicação de massa do Brasil. Foram utilizadas apenas gravações originais, pacientemente recuperadas por Paulo Tapajós. Entre outras vozes, a do curitibano Reinaldo Costa, que apresentava o "Correspondente Nacional" e também "Um Milhão de Melodias"", talvez o musical mais sofisticado existente no rádio brasileiro. Este álbum-duplo tem grande importância documental e serve inclusive para introduzir os jovens estudantes de comunicação a um período marcante da história das comunicações no Brasil e sobre o qual escasseiam informações detalhadas.
Um estudo sobre o rádio brasileiro, nas décadas de 40 e 50, exige consultas a revistas publicadas na época, como "carioca" e, principalmente, a "Revista do Rádio" - difíceis de serem encontradas, pois consideradas publicações de fofocas, impressas em papel jornal, tinham um consumo imediato. Hoje, entretanto, a Revista do Rádio, que Anselmo Domingos (1927-1976) editou a partir de 1948, mereceria uma reavaliação crítica. E se alguém dispõe de velhos exemplares desta publicação, comunique-se conosco, pois estamos pesquisando este período.
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