Sementes da Harvest (I)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de agosto de 1975
Londres em 1968 era aquilo que os músicos progressivos podem chamar de um paraíso: uma constante fermentação de idéias, experiências, a eclosão definitiva de todo um movimento de realização da música popular iniciada com os Beatles cinco anos antes. E como os Beatles (e como a maior parte de todas as tendências musicais) toda essa ebulição de sons permanecia oculta, subterrânea, afastada do consumidor médio pelo desinteresse da maior parte das gravadoras, voltadas apenas a produção de subprodutos tipo Beatles, de venda garantida.
A EMI - responsável pela primeira explosão do movimento pop, com o lançamento dos Beatles, dos Rolling Stones, dos Animals, Hollies, entre outros foi uma das primeiras companhias a perceber o potencial que se escondia nesses grupos experimentais de underground de Londres, Manchester e Birmingham.
E em janeiro de 69, numa ousada atitude de investimento para o futuro, criou o selo Harvest (colheita) destinado apenas a acolher músicas e compositores novos, desconhecidos e de caráter virtualmente progressivo em seus trabalhos. O primeiro suplemento Harvest já traçava com vigor as diretrizes da marca: lá estavam 4 discos de 4 ilustres desconhecidos, um dos quais se tornaria famoso: o Deep Purple. Havia uma ênfase acentuada no lançamento de álbuns, em detrimento de um poucos avulsos, contrariando a praxe de vendas da época, que aconselhava o compacto como caminho direto para o hit-parade ou para lançar um artista novato. E o próprio nome da etiqueta que se lançava também nesse suplemento inicial - o Barclay James Harvest (Wolly Wolstenholme, teclado e vocais; John Lee, guitarra base; Mel Pritchard, percussão; Les Holroyd, baixo), um quarteto experimental de Oldham, que inspirado no grupo novaiorquino Vanilla Fudge, procurava fundir o rock com a música erudita (continua amanhã).
Enviar novo comentário