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Aramis

Um final quase feliz na guerra das bancas

A diversificação cada vez maior das editoras, que de revistas passaram a lançar fascículos, livros, revistas-posters, anuários etc., trouxe um problema para os donos de bancas, a falta de espaço para exibir a mercadoria. Esta foi a tônica nas reclamações do presidente do sindicato dos Proprietários de Bancas, Sr. Gregório de Ben, por ocasião da mesa-redonda promovida pelo Instituto de Arquitetos do Brasil-Departamento do Paraná, provocada com a polêmica surgida em torno do concurso para um novo tipo de bancas de revistas e que atinge o mobiliário urbano da zona central de Curitiba, já tombado pelo Patrimônio Histórico. xxx A temperatura da mesa redonda não chegou a subir, apesar de uma certa irritação demonstrada pelo arquiteto Joel Ramalho Jr., que como Secretário Municipal dos Transportes, procurava justificar o concurso - em contraposição as colocações serenas e bem fundamentadas do arquiteto Abrão Aniz Assad, autor do projeto original. Orlando Busanello representou o IPPUC e a arquiteta Rosina Parchen foi pelo Patrimônio Histórico da Secretaria da Cultura. xxx No final, prevaleceu o bom senso com uma proposta conciliatória: o edital do concurso será refeito, com a retirada da Rua das Flores e de suas respectivas bancas como objeto do novo designer que se pretende dar as bancas. Outro aspecto importante: como Rua 15 de Novembro (das Flores) vem sendo descaracterizada - com a pintura do "Bondinho", construção de um monstruoso coreto e outras mostras de mau gosto visual, aprovadas nas duas últimas administrações, foi também proposta a criação de uma comissão que discutirá o que é que deve realmente ser considerado dentro do decreto elaborado há 14 anos e que visou preservar a imagem da nossa principal rua, transformada em via exclusiva de pedestres - numa experiência urbanística que projetou internacionalmente a administração Jaime Lerner. Fato que até hoje não foi absorvido pelos seus sucessores, tanto é que há sempre insistência em procurar minimizar o êxito das bem sucedidas obras realizadas em Curitiba nos dois períodos em que Jaime ocupou a Prefeitura. xxx Ricardo José Machado Pereira, presidente da IAB-PR, finalmente respirou aliviado: amigo e colega de Abrão Assad (juntos inclusive desenvolveram um projeto de um centro de convenções) ficou numa situação difícil quando o edital propondo um concurso para novas bancas de revistas e jornais em Curitiba foi publicado e provocou, naturalmente a revolta de Abrão e outros profissionais. Agora, a questão entra numa fase mais morna - mas é preciso permanecer atento: afinal, aquilo que existe de certo na cidade não deve ser destruído apenas por ódios e ambições políticas. Exemplos não faltam para provar quanto Curitiba tem perdido nestes últimos anos - e a função Cultural (a hoje tristemente famosa Fucucu) - um exemplo desta política.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
30/04/1988

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