Um novo espaço cultural
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de setembro de 1978
Estudante de engenharia, ex-ator e diretor artístico da Fundação Teatro Guaíra, J.D. Baggio passou a Semana da Pátria trabalhando num relatório que vai apresentar a quem de direito com uma interessante sugestão: o aproveitamento do Colégio Santa Maria como um novo espaço cultural da cidade, integrando-o inclusive às atividades do Guaíra. Minucioso em seu trabalho Baggio faz uma longa argumentação, lembrando importantes aspectos.
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Apesar de ser um dos maiores teatros do País, o Guaíra já está com problemas de espaço: os cursos [permanentes] de teatro e de danças clássicas, no total com quase 500 alunos, estão instalados em pequenas salas, impedindo, inclusive, que o curso de teatro não possa ter o reconhecimento oficial, já que a legislação faz uma série de exigências. Assim, ias cedo ou mais tarde estas atividades mantidas pela fundação terão que se deslocar para outra sede. Faltam salas para ensaios de grupos de teatro da cidade e mesmo administrativamente vários setores estão com suas atividades congestionadas.
Se, no futuro, for criado uma orquestra - conforme promessa feita, em 2 diferentes ocasiões, na semana passada, pelo futuro governador Ney Braga, então haverá necessidade de espaço também para esta atividade, uma vez que a utilização dos auditórios, para ensaios, nem sempre é possível, já que tanto o pequeno como o grande auditório têm tido programações intensas. E o miniauditório Glauco Flores de Sá Brito é reservado aos alunos do curso de arte dramática.
O problema de estacionamento de veículos nas proximidades do Teatro Guaíra, sempre que há grandes espetáculos, é cada vez mais dramático. Os três estacionamentos particulares existentes nas proximidades são insuficientes e, além disso, têm caráter provisório - já que mais dia, menos dia, as áreas serão aproveitadas para a edificação de novos prédios. Há 25 anos passados, quando o então governador Bento Munhoz da Rocha Neto e o arquiteto Rubens Meister planejaram o Guaíra, Curitiba era uma cidade de pouco mais de 100 mil habitantes, sem os problemas de estacionamento de hoje. Argumentar que o público que [freqüenta] o teatro pode dispor de outro tipo de condução - ônibus expresso táxi etc., é irreal. Na verdade, basta haver um bom programa (e eles tem se repetido com constância) para toda a área ficar congestionada.
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Já se pensou em aproveitar a Praça Santos Andrade como uma grande garagem subterrânea. Mas os argumentos contra são grandes: trata-se de uma das praças mais bonitas da cidade, cm pinheiros quase centenários e que se fosse modificada perderia o seu aspecto acolhedor, interferindo inclusive contra o complemento de área verde que oferece entre o prédio da Universidade [e o] teatro. Obras de concreto - mesmo disfarçada com jardins artificiais - a transformariam num novo monstrengo, como ficou a praça Roosevelt em São Paulo. O aproveitamento do largo Bittencourt, defronte o Círculo Militar hoje é impossível, após as caríssimas obras de canalização do Rio Ivo e interligação estrutural.
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assim, a única grande área que resta próxima ao Teatro Guaíra é o quarteirão do Colégio Santa Maria - entre as Ruas XV , Marechal Deodoro, Tibagi e Conselheiro Laurindo. Altamente valorizada, há muito que vem sendo desativada como espaço destinado ao ensino: a Faculdade de Filosofia da Universidade Católica que ali funcionava por 15 anos se transferiu para o Campus, no Guabirotuba e o próprio colégio terá, dentro de algum tempo, instalações fora do centro. O excelente espaço poderia servir como um grande estacionamento - altamente lucrativo à própria Fundação ou diretamente ao Estado, além da parte edificada sediar não só os cursos de teatro e danças, mas também a Escola de Música e Belas Artes, atualmente em precaríssimas instalações na Rua Emiliano Perneta.
Para a Escola de Música e Belas Artes também existe uma outra sugestão: transferi-la para a antiga Estação Ferroviária, atualmente ocupada apenas por divisões administrativas da RFFSA. Lá também deverá funcionar o Museu Ferroviário - até hoje existente apenas no papel, mas que poderá se concretizar se houver entusiasmo e boa vontade [de] quem de direito.
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