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Aramis

Aqui, Jazz (II)

Ao lado dos lançamentos avulsos na área jazzística, feitos por quase todas as gravadoras, com maior ou menor regularidade, nota-se, também, uma estimulante aceitação pelas coleções específicas. Mesmo podendo ser vendidas isoladamente, tratam-se de séries ordenadas cuidadosamente, proporcionando ao interessado uma visão panorâmica e cronológica do jazz. Maurício Quadrio, quando na Phonogram, deu os primeiros passos com as básicas séries "Jazz History" e "Jazz Masters", com cerca de trinta álbuns duplos, ou seja mais de meia centena de elepês contendo o básico da obra dos nomes mais importantes. Evidentemente, que mais de 50 anos de atraso em termos de lançamentos jazzísticos não podem ser corrigidos em 4. Assim, dentre os milhares de discos - até o início desta década raramente editados no Brasil - há centenas de lançamentos ainda a serem feitos. Por isso, novas coleções, ao lado das edições avulsas, continuam a sair. Passando para a Odeon, Quadrio ali vem dinamizando não só o setor erudito, com as edições de séries de óperas, música instrumental com os maiores recitalistas etc., mas não se descuidando do jazz. E a primeira coleção que ordenou foi a "Capitol Jazz Classics", já com 24 volumes na praça - e que deve ter continuidade. Hoje, os registros de alguns dos volumes já lançados - ficando os próximos para futuras edições. STAN KENTON (Stanley Newcomb Kenton), nascido em Wichita, a 19 de fevereiro de 1912, maestro, compositor e pianista, é dos mais respeitados nomes da história do jazz. Dois de seus álbuns, "Adventures in Jazz" e "West Side Story", lhe deram os principais prêmios em 1959. Em "Artistry In Jazz" (volume 2, série Capitol) temos uma seleção de gravações não editadas anteriormente e cobrindo os anos 1946/65, contendo faixas excelentes que causam surpresa porque permaneceram inéditas todos esses anos: "Blues In Riff", "Riff Rhapsody", "Coop's Solo", "Riff Raff", "Of All thing", "Wagon" etc. ART TATUM (Toledo, Ohio - 1910/Los Angeles, 1956) é, na história do jazz, citado sempre como um dos pianistas que exerceram maior influência sobre várias gerações de músicos que o sucederam. Seu estilo era calcado principalmente na obra dos primeiros pianistas "stride", como James P. Johnson e Fats Waller. Suas improvisações eram, essencialmente, variações sobre a melodia apoiadas por uma firme mão esquerda. Auxiliado por sua fantástica técnica, Tatum desenvolveu este método até seus extremos limites. Em "Solo Piano" (volume 3 Capitol Classics) temos 16 temas gravados em três diferentes sessões feitas em julho e setembro de 1949, em Los Angeles. São registros que permitem apreciar os formidáveis talentos harmônicos e ritimicos de Tatum, com momentos como "Sweet Lorraine", "Blues Skies" (de Irving Berlin) e a antológica "Dancing In The Dark" (Schwartz/Dietz). COLEMAN HAWKINS (Missouri, 21..1.1904 - New York, 19.05.1969) foi, indubitavelmente, um dos primeiros e o melhor de todos os saxofonistas de jazz. "Holywood Stampede" (volume 5, Capitol Classics) apresenta 12 faixas gravadas para a Capitol no início de 1945, quando Coleman liderava um pequeno conjunto de grande sucesso. Hawk não estivera em Hollywood desde os primeiros ano da década de 20, quando visitou a costa Oeste com a cantora Mamie Smith. Em cada um de seus aspectos, a música deste LP é Hawkins clássico e jazz clássico. Acompanhando Hawkins estão quatro de seus músicos regulares (Howard McGhee, Sir Charles Thompson, Oscar Pettiford e Denzil Best), valorizando, assim, antológicos e conhecidos temas como "April In Paris", "Stardust", ou as próprias composições de Hawkins, entre as quais "Rifftide", "Stufly", "Too Much Of A Good Thing", etc. ALL STAR SESSIONS - Em toda a história do jazz as sessões com "all stars" têm tido um significado especial, tanto para os músicos como para os entusiastas. O volume 6 da série "Capitol" mostra 3 tipos de grupos All Stars cada um reunindo uma forma diferente. Os "Capitol International Jazzmen" são, simplesmente, um conglomerado de músicos que encontravam-se em Los Angeles quando o produtor Dave Dexter apressou-se em realizar a sessão de gravação em 30 de março de 1945. Do grupo faziam parte, entre outros, Nat King Cole ao piano, John Kirby no baixo, Max Roach na bateria, Hawkins no sax tenor, gravando as faixas como "You Can Depend Me" e "Riffamore". Já a sessão do Metronome All Stars - com "estrelas" como Dizzy Gillespie (trumpete), Buddy De Franco (clarineta), novamente Cole no piano e Buddy Rich (na bateria), foi a Nova Iorque, a 21.12.47, resultando neste LP a faixa "Leap Here" de Cole. A mesma formação - mas acrescido de outros músicos, participa de duas outras faixas: "Metronome Riff" e "Early Spring" e "Local 802 Blues", esta já gravada a 23.01.51. Finalmente, Louis Bellson Just Jazz All Stars, com Clark Terry no trumpete, Billy Strayorn no piano, Wendell Marshal no baixo, entre outros, desenvolver as seis faixas do lado B do disco, incluindo duas composições de Shorty Rogers ("Sticks" e "Punkin") e duas de Strayhorn "Passion Flower" e "Johnny Come Latelly". Registros feitos em fevereiro/52. LEADBELY - A voz que canta no volume 9 da série Capitol possui poderes mais elementares - emoção e humor - e o homem à qual pertence foi intimamente familiarizado com as paixões que referiu-se em suas canções. Huddie Leadbetter, conhecido como Leadbelly (Lousiana, 1880 - Nova Iorque, 1949). Durante 60 anos levou uma vida repleta de violência, depravação, crime, cobiça e numerosos caminhos próximos da morte. Foi um rapaz "mau e terrível", segundo suas próprias palavras. Com a guitarra e o revólver viajou muito pelos Estados Unidos, sempre envolvido em confusões, mas nunca deixando de cantar e compor, muitas vezes nas prisões. E foi ouvindo uma gravação que Leadbelly fez na prisão que o pesquisador folclórico John Lomax se interessou pelo seu trabalho, registrando a voz e as músicas de Leadbelly, inclusive ajudando a sua liberação. Em Hollywood, Leadbelly gravou as 12 faixas deste álbum para a Capitol e pouco depois morria. Um nome histórico dentro do jazz-country, que até hoje não havia tido nenhum disco editado no Brasil. WOODY HERMAN (Wisconsin, 16.05.1913), maestro, saxofonista, clarinetista, cantor e compositor teve, entre 1945/49, uma big-band que marcou época entre tantas grandes orquestras americanas. E desta fase (de outro) de sua carreira, são as faixas selecionadas para o volume "Early Autumnn", com 13 clássicos registrados em dezembro/48, mao/49, julho/49 e junho e agosto/50, incluindo temas de Ralph Burns ("Early Autumn", "Rhapsody In Wood"), Johnny Mandell ("Not Really The Blues") e o antológico "Tenderly". BIG BAND BOUNCE (volume 11) - O aspecto mais memorável da era do swing não foi (só) o fato de existirem tantas orquestras excelentes, mas que cada uma delas possuía um som próprio, imediatamente identificável. O som de uma orquestra era a sua marca registrada artística. Dois exemplos disto são as duas bandas reunidas neste volume da série Capitol: Benny Carter e sua orquestra, com registros feitos entre 43/45, mostrando toda a sua sonoridade hoje pouco lembrada. Bennett Lester Carter (New York, 8.8.1907) é, até hoje, um dos músicos mais versáteis do jazz. Conhecido principalmente como arranjador, compositor e influente saxofonista alto, Carter também gravou solos de trumpete, trombone, clarineta, sax tenor e piano, como mostra nas seis faixas desta gravação. Charles Melvin Willians (Mobile, Alabama, 24-7-1908), pistonista, é conhecido nos meios jazzísticos principalmente como um dos grandes solistas da orquestra de Duke Ellington, onde ingressou em 1929 - logo transformando-se num de seus principais membros. Onze anos depois foi tocar com Benny Goodman, formando, em 1941, sua própria orquestra, na qual lançaria quatro jovens que se tornaram solistas famosos: pianista Earl "Bud" Powell; saxofonista alto e cantor Eddie "Cleanhead" Vinson e os tenoristas Sam "The Man" Taylor e Eddie "Lockjaw" Davis. Evidentemente, como em todas as bandas a sua teve muitas transformações. O exemplo de seu som está em 6 faixas de "Big Band Bounce", com sessões feitas em 45/46, com temas como "House Of Joy!, "That's The Lick" e um sensível tema de Ellington, "Echoes Of Harlem". STRICTLY BEBOP - Em sua maior parte, os anos importantes da era bebop foram documentados em pequenas gravadoras independentes. Entre 1945/47, as grandes gravadoras americanas não estavam interessadas nas experiências musicais do clã bebop de Nova Iorque. Só a partir de 47, quando o bebop tornou-se sucesso, as grandes fábricas se voltaram ao gênero. E dos registros da Capitol, do gênero, feitas em 1945/50, foram extraídas as faixas deste "Stricly Bebop" (volume 13), reunindo três orquestras diferentes: a de Tad Dameron, Babs Gonzales e Dizzy Gillespie. As seis gravações de Tadd Dameron fornecem ampla evidência de sua criatividade melódica, ilustrando seus talentos como arranjador. O cantor Boop Babs Gonzales (Newark, 27.10.1919), que teve Tadd Dameron em seu grupo, acabou também formando sua orquestra, contando com músicos como J.J.Johnson (trombone) e Lincoln Garner (piano). Finalmente, há quatro faixas com Dizzy Gillespie e sua orquestra: "Say When", "Tally-Ho", "O-La-La" e "Coast To Coast", todas de autoria do pistonista. BEBOP SPOKEN HERE - O volume 15 da série Capitol, é dedicado a duas outras importantíssimas orquestras da fase do bebop: Benny Godman e Charlie Barnett. Com Goodman (Chicago, 30.05.1939), temos mostras diferentes de formações: a grande banda, em quatro faixas (com a participação, entre outros de músicos como Billy Butterfield, Waldel Gray, Larry Morinelli, Clyde Lombard etc.) e o seu septeto - Fats Navarro (trumpete), Wadel Gray (sax tenor), Gene Dinovi (piano), Mundel Lowe (guitarra), Clyde Lombard (baixo) e Mel Zalneck (bateria). Já a orquestra de Charlie Barnet (New York, 26.10.1913) tem também sua grande importância dentro da música de jazz dos anos 40: chefe de orquestra bem sucedido, desde 1939, cuja música foi influenciada por Duke Ellington e Count Basie, Barnet descobriu talentos como Oscar Pettiford e o arranjador Ralph Burns no início dos anos 40. E por ela, passaram músicos como Maynard Ferguson (trumpete), Dave Matthews (sax tenor) e Claude Williamson (piano), presentes, em solos marcantes, nas 8 faixas dedicadas a orquestra de Barnet no lado B deste volume
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
35
10/09/1978

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