Uma grande e bela orquestra de jazz
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de dezembro de 1985
A recente reprise de "Música e Lágrimas" (The Glenn Miller Story), 30 anos após a sua realização, trouxe saudades da época das big bands. Afinal a música de Glenn Miller (1904-1944) foi apenas uma - (e não a mais significativa) de um período de ouro da criação musical americana, com dezenas de grandes orquestras. Agora em dolby stereo, e com 14 minutos a mais, "Música e Lágrimas" tem um novo sabor e esperamos que a UIP relance esta fita no Condor, onde ficou apenas uma semana.
A WEA já lanço a trilha sonora, agora em dolby, sonoramente rica e superior à velha gravação em mono que já em 1955 chegava ao Brasil e que por quase 30 anos permaneceu em catálogo.
Felizmente ainda existe quem acredita na força das big bands. Há um ano, a CBS aqui lançou o primeiro lp da The Spitfire Band Flinght III, que há 4 anos é uma das favoritas do público canadense que a tem acompanhado em suas constantes audições em rádio e shows.
Agora temos "Paris Blues", com a The Widesead Jazz Orchestra, formada há 13 anos, seis lps já gravados e que, agora contratada da CBS, tem o seu (belíssimo) som ao alcance dos brasileiros.
A Widespread Jazz Orchestra se reuniu pela primeira vez em Vermont do Norte no outubro de 1972, resultante da fusão de dois grupos. Inicialmente era um grupo rhythm & blue tocando no estilo da grande orquestra de Ilinois Jacquet e outras do fim dos anos 40 e começo dos anos 50. Mas desde o início era idéia de David Lilie, originalmente baterista e co-fundador da orquestra , reunir um grupo para tocar a música dos mestres - Elington, Henderson, Luncefor e outros. Mas os ouvidos de New England em 1972, os corações e as tendências de alguns dos primeiros integrantes da orquestra não estavam ainda prontos. E assim tocaram em estilos variados, inclusive o rock, para sobreviver. Mas a orquestra avançou por um período de sete anos e através de várias mudanças de pessoal conseguiu a sólida união que hoje mostra. Cada mudança de elementos trouxe à orquestra músicos mais experientes, com tendências mais definidas e um compromisso maior com a idéia original de fazer música ao estilo swing e a maneira de Kansas City.
O resultado é que hoje os dez integrantes da WJO apresentam um repertório com clássicos de Puke Elinton, Cout Basie, Earl Hines, Luncford Henddjrson, Benny Carter e outros mestres - mas também possuem suficiente juventude para incluir peças de um vanguardista com Sun Ra.
Quatro das dez músicas de "Paris Blues" são autoria de Ellington, três delas em arranjos do pianista Mike LaDonne para a orquestra. LeDonne [LaDonne] se especializou em arranjarem estilo ellingtoniano tanto as peças de Ellington quanto de outros autores e busca desenvolver assim um estilo original de arranjo para a WJO baseado em Ellington/Strayhorn, especialmente os efeitos usados nos anos 50. "Prelude To A Kiss", um clássico de Ellington, tem um belo arranjo do baterista John Ellis sobre o original de Elington. A rigor, cada faixa deste "Paris Blues" tem um encanto especial, com os méritos destacados dos sax-baritono David Lillie, sax-tenor Tad Shull, sax-alto Michael Hasim, dos trompetistas Jordam Sandke e Randy Sandke, Joel Helleny no trombone, mais LeDonne no piano, Mark Minkler no baixo e os belos vocais de Ronnie Wells.
Um disco novo e nostálgico ao mesmo tempo. Uma maravilha para quem aprecia a música americana de sua melhor fase.
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