E para alegria dos quarentões, temos Genésio e sua orquestra!
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de abril de 1989
Aposentado há seis anos, sem qualquer plano de voltar a empunhar as baquetas, o convite foi irrecusável: montar uma orquestra com os melhores músicos que encontrasse, direito de ter um side man para substituí-lo em mais de 50% do tempo e, principalmente, excelente remuneração.
Pediu tempo para o hoteleiro Alceu Vezozzo, conversou com a esposa (a quem havia prometido não voltar mais à música) fez cálculos e acabou topando. Assim, quando o Bourbon Tower Hotel inaugurar seu suntuoso night club, entre maio/junho, a primeira atração será Genésio e sua orquestra.
Para quem tem mais de 40 anos, não é preciso explicar quem seja Genésio (Ramalho), 69 anos, 56 de música, que, em termos de Paraná identifica toda uma fase da música harmoniosa, standards nacionais e internacionais (especialmente americanos) que embalaram milhares de romances. Para os que aqui chegaram depois de 1961 - quando sua orquestra praticamente parou - ou a geração mais jovem, filhos e netos dos casais que namoraram ao som de seus metais, a volta de Genésio constitui um marketing capaz de fazer do night clube que o hoteleiro Vezozzo está montando no seu hotel 5 estrelas (ex-Iguaçu, Rua Cândido Lopes) um motivo de atração extra. Assim, o empresário aceitou as condições de Genésio, lhe deu carta branquíssima para formar sua orquestra e, principalmente, está disposto a assinar os cheques necessários: a compra de um piano de meia cauda e, especialmente investir uma média de US$ 4 mil mensalmente para garantir a melhor remuneração aos profissionais que Genésio Ramalho, do alto de sua experiência de líder de uma big band que trouxe o profissionalismo para a música no Paraná a partir dos anos 40, saberá escolher.
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Para formar a orquestra, Genésio saiu da tranqüilidade doméstica que o retinha em seu apartamento no alto da Rua XV nos últimos anos - ouvindo discos das big bands americanas ou assistindo nostálgicos filmes em videoteipe. Assim, há duas semanas, Genésio foi ao Bar Cristal assistir uma reunião do Blue Note Jazz Clube e acabou merecendo uma bela homenagem: reconhecido, foi aplaudido e dando uma canja "para mostrar que ainda estou em forma, apesar da aposentadoria" comentaria depois com o vice-presidente, o milionário colecionador Caetano Cerqueira Rodrigues.
A visita à jam-session do Blue Note foi positiva: ali ouviu pelo menos três músicos - e uma crooner - "com condições de fazerem parte de minha nova orquestra" diz, mas, elegantemente, evitando dar nomes dos músicos que já convidou.
- "Como só começaremos a trabalhar em fins de maio ou princípios de junho, identificá-los poderia prejudicá-los em seus atuais empregos. Sabe como é, a vida de músico é muito instável!"
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O reaparecimento de Genésio e sua orquestra será apenas uma das atrações que o hoteleiro Alceu Vezozzo pretende incluir para o sofisticado night club do Hotel Bourbon. Com pretensões de ser uma espécie de "150" - o melhor ambiente musical do Brasil (Maksoud Plaza, São Paulo), o futuro night club curitibano terá, também, condições de bancar temporadas de superstars - alguns até num convênio a ser estabelecido com Roberto Maksoud, através do produtor Fred Rossi, conforme aqui noticiamos há alguns meses (um dos nomes em cogitação seria do pistonista Paquito Riviera, embora nada de concreto tenha sido ainda feito).
Mas a orquestra de Genésio - infelizmente apenas com 10 figuras, já que o espaço é reduzido (nos bons tempos, sua orquestra chegou a ter até 20 integrantes) já será uma mostra de que ao menos boa música o Bourbon Tower terá. A música suave, harmônica e daquelas que estimulam cheek-to-cheek e suaves embalos...
LEGENDA FOTO - Há 40 anos, na Sociedade Duque de Caxias, antes de iniciar mais um Chá Dançante de Engenharia: Genésio Ramalho (sentado, frente a tumbadora) e sua orquestra - sinônimo de música harmoniosa da Curitiba de décadas passadas.
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