Grandes regentes e as sua sinfônicas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de dezembro de 1985
Bernstein, Baremboim, Maazel, Karajan e Marriner. Que elenco de regentes! Em mais um (esplêndido) pacote da melhor música erudita Polygram e a CBS trazem recentíssimas gravações com grandes orquestras sob a regência destes mestres da batuta.
Comecemos com Leonard Bernstein, cuja "aposentadoria" da Filarmônica de Nova Iorque o fez trabalhar ainda mais. Impressionante o número de grandes registros que o autor de "West Side Story" vem fazendo pelas grandes capitais do mundo, sempre com a maior qualidade. Em Londres, no ano passado, regeu a Filarmônica de Israel, tendo como solista de piano Boris Berman, para a gravação da belíssima obra "Petrouchka" que Igor Stravinsky (1882-1971) criou para balé - e que, aliás, há alguns anos, foi montado pelo Ballet Gauira, com bastante dignidade. "Petrouchka" foi composto entre agosto de 1910 a maio de 1911 e, segundo o musicólogo Nicholas Kenyon, "nasceu como exercício de descontração, após os rigores de "O Pássaro de Fogo".
A Filarmônica de Viena, que há alguns meses veio a São Paulo e Rio de Janeiro, pode ser apreciada em sua beleza através de dois recentes lançamentos da Polygram/ Deutsche Grammophon, em edição digital. Sob a regência de Lorin Maazel, uma gravação ao vivo, em 1º de janeiro de 1983, intitulada de "Wiener Bonbons", com obras de fácil agrado, a começar pela valsa de Johann Strauss (1825-1899) que dá título a esta audição repleta de momentos alegres e conhecidos, através de obras de Johann e Josef (1827-1870) Strauss.
Já com regência de Herbert von Karajan, regente titular da Filarmônica de Berlim, a Wiener Phillarmôniker mostra uma obra completa de outro Strauss- "O Cavaleiro da Rosa", de Richard Strauss (1864-1949). Escrita em 1909, quando Strauss já tinha a maturidade dos 45 anos, "Der Rosenkavalier" teve livreto do poeta austríaco Hugo von Hofmannsthal. E desde a primeira execução, em Dresden, a 26 de janeiro de 1911, "O Cavaleiro da Rosa" se tornou um triunfo no mundo inteiro.
Aqui, a interpretação desta comédia em 3 atos, tem a participação dos cantores Anna Tomowa-Sintow, Kurt Moll, Agnes Baltsa, Gotfried Harniek, Janet Perry, Helga Muller-Molinari e Vinson Cole, além da Associação do Coro da Ópera Estatal de Viena.
Finalmente, com a Orquestra Phillarmonia, regida por Neville Marriner - que foi o fundador e titular até 1979 de Academy of Saint Matin-in-the Fields, temos uma gravação preciosa das aberturas de oito das mais belas operetas de Jacques Offenbach (1819-1880).
Nesta gravação de grande comunicação - e ideal para quem deseja ter uma introdução ao mundo de Offenbach - estão as aberturas de "A Bela Helena", "A filha do tambor-mor", "Orfeu nos Infernos", "A Grã-Duquesa de Gerolstein", "A Périchole", "Os dois Cegos", "Bar Azul" e a célebre "Vida Parisiense".
Finalmente, temos com a Filarmônica de Berlim, regida por Daniel Berenboim, em lançamento da CBS Masterworks, a "Sinfonia Fantástica", opus 14, de Hector Berlioz (1803-1869). Berlioz tinha apenas 26 anos quando concluiu esta surpreendente sinfonia - um monumento apropriado ao mundo romântico em que ele viveu. Foi uma época de revolução. A estréia desta obra teve lugar em 5 de dezembro de 1830, no Conservatório de Paris. Provocou polêmicas em sua forma inovadora e, permanece hoje, 155 anos depois, como um dos monumentos da música sinfônica.
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