Vinícius, Carmen, Ray, Leal e até Parada Dura
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de dezembro de 1985
Ex-instrumentista da banda (antiga) de Caetano Velloso, o amazonense Vinícius Cantuária trocou as baquetas da bateria por uma carreira solo de cantor e compositor. Bem sucedido em sua mistura de um rock romântico com batidas bossanovistas, com um repertório amplo e espalhado com deferentes parceiros (Evandro Mesquita, Bernardo Vilhena, Chacal, etc.), Vinícius chega a um novo disco ("Siga-me", Odeon), com excelente condições de produção, a amigável participação do amigo Caetano numa faixa saudação ('Banda Nova", parceria com Péricles Cavalcanti) e amparado ainda por bonitos projetos de Eveline, Cecília e Ana. Vinícius Cantuária faz uma música jovem mas bem mais substanciosa do que aquela que foi imposta este ano por dezenas de grupos de jovens roqueiros, sem qualquer possibilidade de sobrevivência. Tanto é que o seu trabalho tem chances de resistir, ao passo que os outro...
Por ocasião do 30º aniversário da morte de Carmem Miranda, em agosto último, tanto a RCA como a Odeon lançaram lps com antigos fonogramas da Pequena Notável. Foi a oportunidade de se ter mais um lp na discografia da intérprete que nascida em Portugal estilizou o "braziliam look" internacional, e foi a primeira artista brasileira a alcançar grande êxito nos Estados Unidos. A produção da RCA Victor foi realizada em parceria com o Museu da Imagem e do Som, dirigida pela jornalista Ana Maria Bahiana, que apesar de ser mais identificada com as correntes jovens, tem tido sensibilidade para prestigiar os valores tradicionais de nossa MPB. Cásio Emmanuel Bersante fez a seleção do repertório, buscando registros deixados por Carmen na RCA que apresentam grande interesse. Assim com a participação de Lamartine Babo, temos "Moleque Indigesto" (gravação de 5/1/33) e "2 x 2"(gravação de 6/12/33). O grupo do Canhoto participa das faixas "Mulato de Qualidade" (André Filho), "Sapateia no Chão" (Assis Valente) e, junto a Patrício Teixeira, também de "Perdi Minha Mascote" (João Machado Guedes).
Francisco Alves e Diabos do Céu estiveram presentes em 10/9/34, no registro de "Ninho Deserto" , enquanto que "As Cinco Estações do Ano", gravado em 6/7/73, reuniu além do compositor, também Mário Reis e Almirante. Este precioso disco-documento traz outros momentos importantes da carreira de Carmen Miranda, no início dos anos 30 (ou seja, antes de se transferir para os Estados Unidos): "Mulato de Qualidade" (André Filho), "Good Bye" (Assis Valente), "Burucutum" (J. Curangi), "O Meu Amor Tem" (André Filho), "Recadinho de Papai Noel" (Assis Valente) e "Sapatinho da Vida" (Joubert de Carvalho), neste também com a participação do Grupo do Canhoto.
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Durante anos, a Chantecler relançava na época de Natal, o exaustivamente cansativo "A Harpa e a Cristandade" com Luiz Bordon. Bing Crosby é sempre reedição certa, pois afinal foi o criador de "White Cristmas". Este ano, felizmente temos algo de novo, bom e original na discografia nataliana: Ray Charles (em ótima forma) traz no belo "The Spírit of Cristmas" ( CBS; novembro), canções com o espiríto natalino. Ray Charles, transcende barreira e há 40 anos na música já ganhou mais de 10 Grammies e muito disco de Ouro e Platina. Neste seu novo disco, Ray recria, com sensibilidade, canções natalinas, espirituais, impregnada com o seu estilo de intérprete de "spirituais" cantados na igreja, ao lado da família, de seus tempos de menino na Georgia. Assim, as canções deste álbum- embora conhecidas - são enriquecidas a parti de uma concepção sonora criativa e ótimos músicos convocados (como o pistonista Freddie Hubbard; Rudy Johnson no sax-tenor), além das vozes harmôniosas do The Raelettes. Ë um prazer ouvir Ray Charles cantando "What Child is This", "Santa Clus is Comin, To Town", "All I Want For Cristmas", "Cristmas Time" e "Winter Wonderland".
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Afinados e harmoniosos, The Commodores, tem uma extensa discografia- a maior parte editada no Brasil pela Rca/- Motown. Considerado a popularidade deste grupo a Sigla/ Som Livre decidiu lançar um disco na série "The Best" com o sexteto formado por Walter "Sweet Clyde", William "Wag " King, Tommy "T-mac " McLary, Ronald "haggy Dog", Lionel "Richie"e Milan "Quick Draw".
São faixas conhecidas, é claro mas sempre agradáveis de se ouvir novamente -e que com a força promocional da Sigla -forão com que os outros álbuns dos Commodores passem a ser ainda mais procurados.
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Para comemorar 15 anos de carreira, Roberto Leal, cantor luso radicado no Brasil, criador de muitos sucessos populares -e tendo, inclusive, o mérito de, anos atrás, ter feito um registro em arranjo jovem de "Mocinhas da Cidade" Berlarmino), aparece com um novo disco, moldado no esquema de todos os seus elepês; canções suaves e românticas, com um pouco de nostalgia lusitana e recheadas sempre de "mensagens" tão caras ao seu público. Roberto Leal fala, é claro, de sua terra, mas sem ansiedades e tristezas. É o que acontece, por exemplo, em faixas como "Agosto em Portugal", Heróis do Mar" e, principalmente, em "O Regresso", incluídas neste novo lp ( " Ainda Somos Os Mesmos", RGE). Há momentos brejeiros e simples, mas de grande comunicação, como "Dá Cá um Beijo", Vira Comigo" e " Verde Que Te Quero".
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Reestruturando-se artisticamente, buscando novos artistas- e a prova está na contratação de vários compositores jovens, vencedores de festivais de música realizados no Estado de São Paulo ( os irmãos Garfunkel, César Brunetti e outros), a Copacabana não abandona, entretanto, a segura fatia da música sertaneja, que, nos últimos anos, durante o período de vacas magras em que a empresa esteve em concordata, representou a sua salvação econômica. E entre os grupos sertanejos de maior sucesso comercial da Copacabana está o Trio Parada Dura, com mais de dez Lps gravados e um prestígio tão grande no Interior de São Paulo, Mato Grosso e outros Estados que já tem até imitadores. Em seu novo disco, o Trio Parada Dura busca o público rurbano, gravando músicas como " Buscando Perdão " ( Ronaldo Adriano/ Vicente Dias/ Carlito) ou a toada "As Andorinhas" ( Alcino Alves/ Rossi e Rosa Quadros). Para beliscar um público imenso- os caminhoneiros, que foram lembrados até por Roberto Carlos no ano passado, o Creone, Barrerito e Mangabinha gravaram " 80 Por Hora" ( Um Louco na Estrada ), com letra falando da solidão dos motoristas que cruzam as estradas do Brasil.
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