Um prédio com jardins suspensos em Curitiba
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de junho de 1991
Um projeto arquitetônico com características inéditas, desenvolvido por um arquiteto italiano radicado em Nova York, Caetano Pesce, será executado na Conectora 5, em Curitiba, num empreendimento de quase US$ 10 milhões.
A Torre de Campo - nome dado ao projeto que, sem sua maquete, teve uma primeira exposição para arquitetos e outros profissionais reunidos pela designer (e arquiteta) Consuelo Cornelsen, em seu penthouse na noite de segunda-feira, não é apenas um sonho ou proposta para o próximo milênio. Graças a audácia de um empreendedor imobiliário, Alberto Chicom Martin, da Alhambra, já existe o terreno necessário - nove mil metros quadrados, cujo proprietário, o empresário Anderson Fumagalli, do grupo Slaviero, se dispôs a cedê-lo para a implantação do original edifício em troca de área construída que lhe renderá cerca de US$ 1 milhão - valor aproximado da propriedade localizada numa da[s] melhores áreas de Curitiba.
[Luciano] Pesce, 52 anos, italiano de La Spezia, formado em Veneza, com um curriculum que ocupa mais de 30 páginas e inclui múltiplos projetos desenvolvidos em várias partes do mundo, criou este projeto especialmente para estender também à América do Sul as suas atividades.
Amigo pessoal de Consuelo Cornelsen, profissional que tem passado grande parte de sua vida no Exterior (seu pai, o arquiteto Ayrton Cornelsen, acaba de viajar para Portugal, onde já residiu, para ali desenvolver novos projetos), Luciano Pesce interessou-se por Curitiba como sede de um edifício com 20 andares, que prevê [verdadeiros] jardins suspensos em apartamentos personalizados - em forma e aproveitamento de espaço - na base de um por andar. Através de dois associados no Brasil - a designer Adriana Adam (proprietária da loja "Arquitetura da Luz" e "Nucleon 8", em São Paulo), e do arquiteto curitibano Luís Paulo Reis, desenvolveu um pré-projeto que apresentado a [vários] empresários, encontrou em Alberto Chicon Martin o que se dispôs a viabilizá-lo concretamente.
Espanhol de Sevilha, desde 1958 em Curitiba, Alberto Martin, 40 anos, 22 de atuação na área imobiliária, responsável por muitos empreendimentos imobiliários, acredita que mesmo com toda a audácia do projeto - destinado a uma faixa A-superior - "o mesmo tem condições de se tornar um sucesso, justamente pelas suas características inéditas - desde o aproveitamento do material até a integração harmoniosa do concreto e natureza.
Em cada pavimento, mais de 20% da área útil será reservada para um jardim (com opção para piscina), enquanto que o aproveitamento da área - e mesmo a decoração externa - permitirá uma personalização total.
Luciano Pesce, que não pôde chegar a tempo da apresentação do projeto - mas que deverá vir nos próximos dias, fazendo inclusive uma conferência - é um arquiteto cujos projetos (entre outros, [espalhados] em [Nova] York, Irã, Paris, Kyoto e Osaka), sempre procura uma estreita relação com o homem, "seja no aspecto formal ou em seu conteúdo", como diz Consuelo. Acrescenta a profissional curitibana:
"Também na arquitetura se percebe a pesquisa de novos materiais e tecnologia, sempre fiel a seu conceito de diversidade."
Uma prova da importância de Caetano Pesce é que só em abril sua obra estava em duas exposições em Paris - No Centro Georges Pompidou e no Museu de Artes Decorativas. Outras duas exposições forma levadas a Milão, na Trienal da mostra de "Compasso d'Oro", além de presenças também em Tóquio. Em outubro, haverá uma retrospectiva de sua obra - como arquiteto, designer e artista plástico - no Museu de Arte Moderna de Tel Aviv.
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O empreendimento da "Torre em Campo" deve começar ainda neste semestre. A intenção de Julio Cesar Cattaneo, consultor de marketing da Alhambra, é preparar o lançamento para os primeiros dias de julho, com vendas direcionadas a uma faixa especializada de clientes - dentro de um processo de comunicação que também utilizará métodos inéditos.
LEGENDA FOTO - Torre de Campo, um original edifício ecológico, com jardins suspensos e aproveitamento personalizado em cada pavimento. Empreendimento de quase US$ 10 milhões que a partir do projeto do arquiteto Luciano [Pesce] deve acontecer na Conectora 5.
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