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Aramis

Um homem/ uma mulher

Guérios, o filósofo Rosário Farani Mansur guérios acostumou-se ao longo de sua vida a atender telefonemas de pessoas com dúvidas em português. Afinal, é o nosso mais respeitado filólogo, com uma obra extensa e respeitável - mais de 1.600 publicações entre livros, ensaios, monografias e dicionários e artigos de jornais. Aposentado do magistério, vivendo na tranqüilidade de sua residência na Rua Chile, não deixa, entretanto, de produzir seus artigos e aprofundar pesquisas, num trabalho que iniciou há mais de 50 anos, quando, em Ponta Grossa, começou sua carreira no magistério, lecionando no Colégio Estadual Regente Feijó. Assim, ao ser homenageado numa das sessões da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, prestou-se não só uma justa referência a um de nossos grandes mestres como, de certa forma, lembrou-se para uma efeméride a transcorrer no próximo ano e que justifica eventos maiores: o 80º aniversário de Mansur Guérios, no dia 10 de setembro de 1987. Durante quase 40 anos, Mansur Guérios deu sua contribuição ao magistério, lecionando no Colégio Estadual do Paraná (1938/52), nos cursos de Letras da Universidade Federal do Paraná e Escola Técnica Federal do Paraná. Paralelamente à atividade do magistério, exerceu também funções administrativas - como a secretaria da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFP, no período de 1942/1951 - época em que a vida universitária curitibana se concentrava ao redor da Praça Santos Andrade. Através de seus didáticos e preciosos artigos ("Divagações lingüísticas") sobre a gramática, sanando dúvidas de milhares de pessoas, nas salas de aula ou, fazendo trabalhos especiais - como as revisões dos anteprojetos das Constituições do Estado do Paraná, em 1947 e 1967, além do editor, por 11 anos, da revista "Letras", Mansur Guérios é uma vida dedicada ao português. Curiosamente, com uma obra imensa - na qual se destacam vários dicionários (inclusive o Cultural da Língua Portuguesa, que produziu entre 1968/69, para a Grafipar), até hoje, Mansur Guérios mantém inéditos seus dois primeiros trabalhos - "De alguns vocábulos arábicos no português" (1926) e "Alguns vocábulos chulos" (1927). Uma questão de rigoroso senso crítico ou, mais uma vez, falta de editor? Consuelo, a arquiteta. Consuelo Cornelsen é aquilo que se pode chamar de filha de peixe, peixinho é. Como o pai, Ayrton Cornelsen - um dos mais conhecidos engenheiros- arquitetos do Paraná - Consuelo é inquieta e sempre busca novos projetos. Desde que se formou pela Universidade Federal do Paraná - e lá se vão dez anos - seu curriculum tem crescido bastante. Uma vivência internacional - entre Portugal, Ilha da Madeira, Angola e Londres, acompanhando seu pai em projetos de hotelaria desenvolvidos naqueles países, deu a Consuelo uma visão universal. Assim jamais aceitaria ficar apenas em projetos convencionais - embora tenha desenvolvido vários deles. Procurou novas propostas e aproveitamento de luz e espaço, há alguns anos iniciou um bem sucedido trabalho de arquiterura de interiores, voltando-se a projetos de iluminação e chegando a implantar uma das mais atuantes empresas do setor. No ano passado outra grande idéia: recuperar o melhor do designer brasileiro em móveis criados por mestres da arquitetura fazendo uma pequena produção que possibilite aquelas exclusividades de famílias quatrocentonas de São Paulo chegar a um maior número de pessoas. O projeto deu certo e, em Curitiba, a Dall'Arte, com a qual se associou, não vence as encomendas. Requisitada para projetos de decoração (atualmente supervisiona as obras de reforma da cobertura de sua amiga, Gal Costa, na Barra da Tijuca) Consuelo está entusiasmada com uma nova atividade: as carretas populares. O primeiro modelo foi feito ainda em 1982, para a campanha do PMDB e na qual José Richa fez muitos discursos. Posteriormente, a carreta foi doada a Fundação Teatro Guaíra que há 3 anos a vem utilizando em suas promoções volantes. O projeto, entretanto foi melhorado e agora começa a ser explorado em escala industrial. Nesta semana, seguiram para Salvador as duas (das cinco) primeiras carretas que o Prefeito lhes encomendou, e que entusiasmado com a possibilidade destes equipamentos também lhe encarregou de excutar uma prefeitura móvel, já em fase de construção nas oficinas da Formighieri, em São José dos Pinhais. Assessorada por sua amiga Christina Bastos, Consuelo já tem encomendas para o resto do ano. Até Eduardo Mattarazzo Suplicy terá uma carreta móvel para fazer sua campanha para o governo de São Paulo e prefeitos de várias cidades também querem este equipamento.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
2
03/08/1986

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