Uma Jornada com múltiplas opções
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de setembro de 1988
Da modesta I Jornada Baiana de curta-Metragem, que Guido Araújo idealizou "como uma tentativa de restituir ao cinema da Bahia a vitalidade que este havia possuído durante a década de 60" - realizada entre 13 e 16 de janeiro de 1972, com apenas seis filmes (super 8 /16mm) inscritos, a esta XVII Jornada de Cinema da Bahia - acoplada ao IV Concurso de Filme e Vídeo Latino-Americano, a produção cresceu e se consolidou.
Neste ano, com o tema "Por um mundo mais humano" - e promovendo um simpósio sobre os direitos humanos (do qual resultou um vigoroso documento), a Jornada estendeu-se em várias mostras paralelas. Assim ao lado das sessões competitivas em filmes e vídeos aconteceram importantes eventos - cada um merecedor de registro jornalístico, principalmente considerando o ineditismo de 90% dos trabalhos apresentados.
Algumas das obras apresentadas em Salvador poderão vir a Curitiba, havendo agilização de Francisco Alves dos Santos, diretor da Cinemateca. Por exemplo, o filme mais importante ali exibido, o documentário "Açucar Negro", de Michel Regnier, do Canadá, denunciando a escravidão dos negros haitianos nas plantações de cana na República Dominicana - tem cópia legendada em português. Já os belíssimos filmes premiados no Festival de Annecy, entre 1960/1988 - a mais importante mostra de cinema de animação do mundo - não terão, a princípio, autorização para outras projeções no Brasil, embora Bernardo Voborov, da Fundação Cinemateca Brasileira, se empenhe em conseguir uma extensão maior desta única chance de se conhecer obras-primas da animação, inclusive "L'Homme qui plantait des arbres", de Frederick Back, 30 minutos, gande prêmio ex-aequo Annecy e Oscar-1988.
Também a mostra do cinema Chicano tem problemas para ser estendida a outras cidades. Já a retrospectiva Olney São Paulo, em homenagem aos 10 anos da morte do diretor de "Manhã Cinzenta", após sua apresentação em Brasília (5 a 11 de outubro) pode ser negociada para outras cidades.
Quanto aos filmes e vídeos brasileiros, em competição, a sua amostragem dependerá de condições de cada produtor e interesse de entidades culturais.
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